Freguesia de Corvo

População: 369

Actividades económicas: Agricultura e Pesca

Festas e Romarias: Feriado Municipal (20 de Junho), S. Pedro (28 de Junho), Espírito Santo (12 de Julho), Sagrada Família (26 de Julho) e Nossa Senhora dos Milagres (15 de Agosto)

Património: Caldeirão (lagoa) e miradouros do Sítio do Portão, dos Moinhos, da Fonte Doce e da Lomba da Rosada

Gastronomia: Couves da barça (couves c/ carne de porco), torras de erva do Calhau (prato feito com algas marinhas), lapas no forno, molho de fígado (carne de porco, língua, coração e fígado), lapas de molho afonso, linguíça e inhame

Colectividades: Sociedade Filarmónica Lira Corvense, Associação dos Bombeiros Voluntários da Ilha do Corvo e Grupo de Jovens do Corvo

Orago: Nossa Senhora dos Milagres


DESCRITIVO HISTÓRICO


É um dos únicos concelhos do País com uma única freguesia, a da própria se de. Situada a norte-nordeste da ilha das Flores, o Corvo é a mais pequena ilha de quantas compõem o Arquipélago dos Açores. Com uma área de cerca de dezassete quilómetros quadrados, encontra-se no vértice de uma grande montanha vulcânica de que resta no cume uma vasta cratera extinta, para onde convergem todas as encostas.

Esta ilha foi descoberta na primeira metade do século XV, provavelmente na mesma data da descoberta das Flores. A Insule de Corvi Marini aparece já em cartas anteriores ao início das viagens promovidos pelo infante D. Henrique. O seu povoamento, no entanto, só começou no século XVI. Diogo de Teive já a explorara em 1452.

Em “Viagens na Nossa Terra”, João Saramago descreve as características mais importantes da ilha e, em consequência, do próprio concelho: “A Vila do Corvo, único aglomerado populacional da ilha, encontra-se no lado nascente da plataforma meridional. A sua fisionomia urbana, casario altamente concentrado e em anfiteatro, levou Orlando Ribeiro, famoso geógrafo, a considerá-la como uma das mais cerradas e características aldeias de montanha do norte de Portugal, assente no sopé de um cone vulcânico e situada, paradoxalmente, à beira-mar. Daí a razão do título: é que esta vila conjuga assim, de forma única, características marítimas e montesinas, conseguindo assim um efeito muito especial.”

A grande cratera do Corvo, o Caldeirão, é uma das maiores caldeiras dos Açores, com cerca de cinco quilómetros de perímetro e duzentos e cinquenta metros de profundidade. Vale a pena observá-la com atenção.

A agricultura continua a ter grande predominância para a população desta freguesia e concelho de Corvo. Aliás, a sua posição geográfica sempre lhe permitiu um certo isolamento em relação às outras ilhas do arquipélago dos Açores, factor positivo na medida em que a resguardou da latente americanização que invadiu as outras povoações.

Desde sempre, de resto, o cultivo da terra ocupou a maior parte da população local. Principalmente nos primeiros tempos, a fertilidade dos seus solos era espantosa, devido ao húmus acumulado, durante séculos, pela vegetação espontânea e às cinzas resultantes das queimadas dos matos e lourais.

Por tal motivo, tratava-se de uma economia essencialmente agrícola, incluindo a pecuária, daí derivando algumas indústrias, como a moagem de cereais, a panificação, a granagem do pastel e a preparação dos curtumes.

A riqueza desta região assentava, também, no fabrico de calçado, na construção naval e noutras actividades de menor expressão. Por outro lado, devido à grande abundância de peixe nestes mares, o pescado garantia o sustento dos pescadores, contribuía para a alimentação das populações locais e provia as armadas do reino e forasteiras que aqui escalavam. Hoje, nem sempre é assim, é que, “se o pescado morre ao largo”, as dificuldades começam (embora os Açores não tenham problemas gritantes a esse nível).

Em “Viagens na Nossa Terra”, João Saramago descreve as belezas da ilha, que o são também da própria freguesia: “Hoje aqui, amanhã no Corvo. Esta expressão era utilizada pelos corvinos na altura em que ligações com o exterior eram asseguradas pelos barcos que escalavam a ilha de mês a mês ou de quinze em quinze dias e quando já se sabia de véspera que, face às condições climatéricas, o barco seguiria directamente para as Flores, ficando assim os passageiros à espera do próximo navio. Só que agora ela volta a ser citada por razões opostas: na realidade, a ilha do Corvo é digna de uma estada bem mais prolongada do que as poucas horas que medeiam entre uma chegada e uma partida da lancha que faz a ligação entre as duas ilhas. Disso são prova os vários itinerários, que permitem um feito dificilmente realizável nas outras ilhas: uma volta completa à ilha por mar, que proporcionará uma outra visão daquilo que conheceu a pé ou a viatura, acrescida de uma vista maravilhosa das altas arribas, moldadas pelo vento e pelo mar, que circundam quase por completo o Corvo”

HORT