Freguesia de Pedro Miguel

População: 747

Actividades económicas: Agro-pecuária, carpintaria, construção civil e pequeno comércio

Festas e Romarias: N. Sra. da Ajuda (último domingo de Julho), Espírito Santo (Pentecostes) e S. Pedro (29 de Junho)

Património: Igreja matriz, impérios do Espírito Santo e das Encruzilhadas, moinhos, chafariz, atafona e nichos

Outros Locais: Parque de lazer, porto de mar, miradouro, jardim botânico e paúl do Juncal

Gastronomia: Sopas do Espírito Santo, caldo de peixe, inhame com linguiça, morcela, torresmos de vinha de alhos, caçoila de porco, massa sovada e filhós

Artesanato: Rendas, bordados, cestaria, trabalhos em miolo de figueira e escamas de peixe

Colectividades: Grupo Folclórico de Pedro Miguel e Centro de Recreio Popular de Trabalhadores de Pedro Miguel

Orago: N. Sra. da Ajud.

 

DESCRITIVO HISTÓRICO


Situada num extenso vale, entre duas grandes elevações, no qual passa a ribeira que tem o mesmo nome da freguesia, Pedro Miguel dista da sua sede de concelho cerca de 6 quilómetros.

Muito embora a primeira referência escrita sobre a povoação apareça apenas na data de 7 de Agosto de 1590, num alvará, no qual se assina ao seu vigário a côngrua de 25 000 réis por não exceder a 100 fogos. Pedro Miguel, é uma freguesia que revela ter sofrido a influência dos Flamengos, os quais, por volta de 1468, iniciaram algumas das primeiras experiências de povoamento na ilha do Faial. O lugar de Grota Funda, onde se localiza uma grande cratera vulcânica, da qual foram encontrados fragmentos de carvão vegetal, junto de uma fonte que lhe fica muito próxima, deriva, precisamente, do vocábulo Groot, o nome de um dos povoadores flamengos da ilha.

Deve referir-se, que embora os povoadores do Faial tenham sido, na sua maioria, portugueses, a comunidade flamenga, no ano de 1490, já englobava um número de cerca de 1500 pessoas, assinalando-se a freguesia de Flamengos, como lugar onde primeiramente se estabeleceram e onde se encontra o principal núcleo do Jardim Botânico da Horta, hoje também estendido à freguesia de Pedro Miguel.

Nesse jardim estão reproduzidos os diversos ecossistemas característicos da flora açoreana. Encontram-se representadas várias espécies de plantas endémicas e também espécies novas e exóticas, que nos últimos cinco séculos terão sido importadas.

Sublinhe-se que a ilha do Faial, se deve a sua primeira influência estrangeira à cultura flamenga, foi ponto de embarque de povos oriundos das mais diversas nacionalidades, através do seu importante porto, situado junto do monte da Guia, local onde podemos encontrar variadíssimas espécies de plantas, tais como, a faia-das-ilhas, a urze, o incenso, a tamargueira, entre outras plantas endémicas, também preservadas naquele Jardim Botânico da Horta.

A ampliação deste jardim, numa área de cerca de 6 hectares, vai fazer com que, também, Pedro Miguel possa dar o seu contributo ao importante trabalho de preservação do património natural da ilha. Segundo informação da Direcção Regional do Ambiente do arquipélago dos Açores, pretende-se assim, “obter maiores áreas para a vegetação Açoriana e da Macaronésia, incluindo a restituição em 2 ou 3 hectares, da floresta laurissilva típica dos Açores. Também serão criadas áreas para cultivos antigos de fruteiras e outras plantas que tiveram interesse económico, como cereais e plantas industriais. Nesta nova área pretende-se conseguir ter a possibilidade de obter por reprodução, um maior número de plantas, as quais poderão ser utilizadas em programas de reintrodução ou reforço das espécies autóctones em zonas em que haja degradação da vegetação natural”.

Por outras palavras, espera-se que o Jardim Botânico do Faial, agora com o seu novo núcleo na freguesia de Pedro Miguel, reforce o seu objectivo de conservação da flora dos Açores e Macaronésia, e possa vir a constituir-se como um importante polo dinamizador da Educação Ambiental.

Ente os anos de 1996 e 1998, no sector botânico da freguesia de Pedro Miguel, já se procederam aos seguintes trabalhos: abertura de caminhos; criação de lagos e redes de drenagem; recuperação de um bosque com 1/2 hectares; limpeza de infestantes; plantação de 3500 árvores e arbustos da flora natural dos Açores e ensaios de sementeira.

A povoação de Pedro Miguel foi elevada a freguesia, na data de 1666, sob a invocação de Nossa Senhora da Ajuda. No entanto, em 1643 registava já o número de 113 fogos “com 2/6 almas maiores, e 108 menores” ( Dicionário Corográfico dos Açores ) e, em 1600, procedia-se ao início da edificação da sua igreja paroquial.

Templo espaçoso, de três naves e uma fachada apresentando uma torre ao centro, destacada, formando um átrio de arcadas, em frente à porta principal, a igreja paroquial de Pedro Miguel dedica a sua capela mor a Nossa Senhora da Ajuda.

Segundo António Lourenço da Silveira Macedo, na sua “História das Quatro Ilhas Que Formam o Distrito da Horta, “n’ella tambem se conserva o Saccrario com o Santissimo Sacramento os dous altares lateraes”, dedicados, um ao Bom Jesus e outro, à Sagrada Família.

A actividade pecuária, no ano de 1867, registava-se como importante fonte de rendimento para a freguesia. Fabricava-se grande quantidade de manteiga para exportação.

A freguesia tinha ainda, antigamente, um forte, denominado Baixo, o qual vigiava o seu pequeno porto de mar.

Na data de 1871, Pedro Miguel tinha já duas escolas de instrução primária, uma masculina e outra feminina. Juntamente com as freguesias de Ribeirinha e de Praia do Almoxarife, formava “um districto de juiz de paz”, tendo sido sede “de assembléa eleitoral composta dos eleitores das ditas freguezias nas eleições de deputados”.

Naquele ano, a sua população era de 1757 habitantes, distribuídos por 425 fogos, e cultivava “cereaes e os mais generos alimentícios e alguma laranja”.