Freguesia de Bretanha
População: 1800
Actividades económicas: Agro-pecuária, comércio, construção civil, carpintaria e indústria de panificação
Festas e Romarias: Festa da Padroeira (15 de Agosto), Nossa Senhora do Pilar (1.º fim-de-semana de Setembro) e Divino Espírito Santo (Maio)
Património: Igreja matriz, Igreja de Pilar, moinho a vento, fontenários e Solar do Lomba Grande
Outros Locais: Parque de Merendas, Paisagem Natural e Miradouros
Gastronomia: Inhame e massa sovada
Artesanato: Cestaria, bordados e ferrador
Orago: N. Sra. da Ajud.
Freguesia de Bretanha Situada na costa noroeste da ilha de S. Miguel, dista 28 kilómetros da sede do concelho. Até 1960 foi esta freguesia constituída pelos lugares de Senhora dos Remédios, Senhora da Ajuda e Nossa Senhora do Pilar. Contudo, actualmente, o Lugar dos Remédios constitui uma freguesia.
Apresenta um aglomerado populacional bastante disperso, englobando pequenos povoados como o Pico Vermelho, Lombinha, Pacheca, Grotinhas, Assomada, Amoreiras e Lomba da Bica, Casa Telhada, João Bom e Lomba dos Homens.
Descobrem-se na ilha de S. Miguel laivos de parecenças continentais e estrangeiras. Lá notamos uma transplantação do Algarve, do Alentejo, da Madeira, da França. Os mesmos hábitos, o mesmo amor pela cal, o mesmo jeito de falar.
Assim, por exemplo, nesta freguesia chamada Bretanha, ressalta a influência deixada no século XV pelo povoamento bretão: o mesmo u francês e termos como convenable, bentrouvé, venir, madame, mer (mar).
As semelhanças com a Bretanha também estão patentes na disposição das casas, cujas entradas estão encobertas por uma latada de verdura.
As origens desta freguesia são muito polémicas dada a controversa documentação que a ela se refere.
Todavia, é quase certo ter sido habitada entre os finais do século XV e princípios do século XVI, tendo-se fixado os seus primeiros povoadores junto ao mar, desde João Bom até aos Remédios.
A primitiva Ermida de Nossa Senhora da Ajuda, foi construída em palha, no século XVI, no lugar hoje ocupado por uma das capelas laterais da actual igreja. Entre os anos de 1640 e 1646, aparece este templo com o orago de Nossa Senhora da Natividade, tendo, posteriormente, retomado a primitiva invocação.
A actual Igreja Matriz data dos finais do século XVIII e, segundo reza a tradição, foi construída a expensas do povo que, tendo dificuldade na aquisição de água para a sua edificação, terá implorado à Virgem que fizesse surgir água em lugar próximo. Tal aconteceu e ainda hoje aí jorra uma nascente. Neste templo, de estilo barroco, destacam-se os painéis de azulejo e a talha dourada da capela-mor e a imagem de madeira de Nossa Senhora da Ajuda, que se venerava na antiga igreja de palha.
No lugar onde hoje se encontra a Igreja de Nossa Senhora do Pilar, existiu, outrora, uma ermida mandada edificar em 1680, pelo Capitão Sebastião Álvares de Benevides. Reconstruída e ampliada no decurso do tempo, somente por volta de 1800 se ergueram os altares de Santo António e S. José.
O topónimo Bretanha provirá, segundo alguns estudiosos, da terra de origem dos cavaleiros bretões que ao tempo dos cruzados se fixaram em Portugal, de onde viriam, mais tarde, povoar esta zona.
Presume-se que até 1515, toda a extensão que vai de Capelas até à extremidade ocidental da costa norte – fim da Bretanha – era, nesse tempo, denominada por Capelas, como se constata de uma carta de D. Manuel, datada de 8 de Agosto de 1515, altura em que aquela zona foi desanexada do concelho de Vila Franca do Campo, passando a pertencer ao de Ponta Delgada, criado em 1499.
Só em 1527 aparecia, pela primeira vez, a designação de ‘Bretanha’. Assim, para o Padre Herculano de Medeiros “não foram pois descendentes de bretões, nacionalizados portugueses que se lembraram de um país a que não pertenciam, para ligarem o seu nome ao território, (...), mas sim verdadeiros bretões, vindos directamente do seu país entre 1515 e 1527, época em que ali estariam a dar-se acontecimentos anormais por motivos políticos”.
Foi no Lugar de João Bom que, pela primeira vez, em 1550, se iniciou a cultura do tremoço, hoje tão importante no contexto económico das ilhas. Atribuem os historiadores coevos a um tal Barão Fernandes, morador neste sítio, o facto de ter sido ele o primeiro a experimentar esta cultura. Junta de Freguesia de Mosteiros