Freguesia de Ribeira Quente

População: 900

Actividades económicas: Pesca, comércio e serviços

Festas e Romarias: S. Paulo (último domingo de Setembro), Divino Espírito Santo (7.º domingo após Páscoa), Trindade (8.º domingo após Páscoa), S. João (24 de Junho) e Semana do Chicharro (2.ª semana de Julho)

Património: Igreja matriz

Outros Locais: Praia do Fogo, Porto de Pesca, Miradouro da Estrada Nova, Zona de Pesca e Paisagem Natural

Gastronomia: Caldeirada de peixe, caldo de couve, chicharro frito, cozido e grelhado

Artesanato: Flores de escamas de peixe, artefactos em madeira e bordados.

Colectividades: Associação Cultural e Desportiva “Maré Viva”, Agrupamento de Escutas 260 de Ribeira Quente, Grupo Folclórico de S. Paulo e Centro Social e Paroquial de Ribeira Quente

Orago: S. Paul.


DESCRITIVO HISTÓRICO


Integra esta freguesia o concelho da Po-voação, na ilha de S. Miguel. Após o descobrimento do arquipélago dos Açores, ocorrido entre 1427 e 1437, D. Afonso V, por carta régia de 2 de Julho de 1439, autorizou seu tio, o Infante D. Henrique, a iniciar o seu povoamento, que terá começado junto da Ribeira do Além, local onde surgiu a Povoação Velha e onde desembarcaram os descobridores, quando à ilha de S. Miguel aportaram.

A ocupação e o aproveitamento dos Açores integraram-se na chamada “Cruzada do Infante”, a qual consistia em ganhar terras, ainda que desabitadas, para nelas se continuar a largar o reino de Cristo.

Daí, a presença neste arquipélago da Ordem de Cristo nos trabalhos iniciais do seu povoamento. Contudo, subjacente à sua presença, e para além de razões que se prendiam com apoios financeiros, também esta Ordem testemunhava a “tradição de fé com que os portugueses fizeram a urdidura forte da sua nacionalidade..

Assim, não foi por acaso que a primeira ilha logo foi dedicada à Virgem e que, em quase todas as outras, os primeiros altares levantados, se destinavam a exaltar a Santa Cruz, símbolo daquela Ordem e sinal de Redenção.

A Igreja de S. Paulo foi levantada, primitivamente, sobre as terras de aluvião para esta região arrastadas pela erupção vulcânica das Furnas, em Setembro de 1630. Ao longo dos tempos, outras ermidas foram construídas mas que, devido à proximidade do mar, ficaram ameaçadas. Deste modo, em 1911, iniciou-se a construção da igreja actual que seria concluída em 1917.

Em 1943, foi a Ribeira Quente elevada a freguesia.

Devido aos assaltos constantes da pirataria, vários fortes foram edificados para defesa das populações, sendo exemplo, o Forte de S. Paulo.

Nos inícios da década de trinta, Gonçalo Velho foi o responsável pelo lançamento de gado vacum, caprino, porcino e cavalar e, mais tarde, o impulsionador do povoamento da ilha de S. Miguel.

Foram as ilhas do grupo oriental, Santa Maria e S. Miguel, as primeiras a serem povoadas com famílias provenientes do centro e sul do continente.

Os povoadores que ali se dirigiam tinham, certamente, como maior motivação, a possibilidade de obterem terras próprias que, depois de desbravadas e cultivadas, iriam permitir que aquele objectivo fosse alcançado.

Contudo, o acidentado do terreno e a densidade do matagal que cobria toda a ilha de S. Miguel, constituíram grandes dificuldades nos trabalhos de reconhecimento e povoamento, pelo que foi aquele feito, primeiramente, por mar, como se infere de uma citação de Gaspar Frutuoso: “ (...) discorrendo estes novos povoadores pela costa desta ilha em um batel, vieram ter a uma pequena praia que tinha ao mar um ilheo defronte dela (...)”.

Entre os pontos da costa desta ilha, o transporte por embarcações manteve-se até ao século XIX, pois viajar por terra entre as localidades, constituía uma verdadeira façanha. A este propósito o Dr. Luís Ribeiro relata: “nas ilhas pequenas e nas povoações rurais das três ilhas mais importantes, S. Miguel, Terceira e Faial, as relações com o exterior eram quase nulas. (...) Hoje mesmo há muita gente que morre velha sem nunca ter saído da ilha onde nasceu..

Não obstante todas estas dificuldades com que se depararam os primeiros povoadores, uma coisa é certa – o solo desta ilha foi sempre muito fértil, ainda que, na sua maior parte, fosse de pedra-pomes.

Assim, o denso arvoredo que aqui existia foi aproveitado para exportação de madeiras, sobretudo, para a construção naval em diversos estaleiros, como, por exemplo, o da Povoação.

Por outro lado, a proliferação do gado lançado nos inícios da década de trinta por Gonçalo Velho, garantiu a alimentação dos primeiros colonos que se dedicavam, em grande parte, à pecuária.

Ainda não terminara o século XV e já era considerável a exportação de trigo para o continente e praças africanas, e a sua utilização no fabrico do biscoito para provisão dos navios que passavam por estes portos.

No mesmo século, foi o pastel introduzido nos Açores, passando a constituir uma fonte de riqueza importante para o arquipélago, na medida em que o seu produto final, alimentava a indústria têxtil, sendo exportado, preferencialmente, para a Flandres.

Esta freguesia foi chamada de Ribeira Quente por nela desaguar a ribeira que atravessa o Vale das Furnas, recebendo das sulfátaras a sua água quente. Deste modo, o topónimo deriva da água morna, proveniente das Caldeiras das Furnas e da Lagoa das Furnas.

Actualmente, a população que aqui reside vive, maioritariamente, do mar.

Ao longo dos séculos, têm-se abatido sobre Ribeira Quente as mais diversas catástrofes naturais. Uma das maiores ocorreu precisamente em Outubro de 1997, com aluimentos de terras de grandes proporções. Uma lápide descerrada pela Junta de Freguesia, no cemitério de S. Paulo, evoca hoje a memória desse infausto acontecimento.