Outras DenominaçõesTorresmos em Molho de Fígado.
Particularidade
Pedaços de carne de porco, cozinhados na sua própria gordura até ficarem
secos.
Descrição
Carne de porco, entrecosto, toucinho e fígado de porco, temperados com alho, sal, pimenta da terra (malagueta) e vinho branco, que são cozinhados 24 h depois de temperados, até desaparecer toda a gordura.
História
Tanto os Torresmos como o Bolo de Pé de Torresmos fazem parte da tradição açoriana, sendo citados em várias revistas que tratam de etnografia e tradição. Assim, podem ser encontradas referências tanto aos Torresmos como ao Bolo de Pé de Torresmos nos boletins do CRCAA. Também em A Matança se citam quadras populares dos Açores das quais retiramos a seguinte:
Ei já vejo luz acesa
nada tenho que dezer
Torresmos, vinho na mesa
P’ra se comer e beber.
Uso
Os Torresmos fazem parte da festa das matanças; são feitos no dia da desmancha do porco e são comidos quentes pelas pessoas que se juntam para ajudar na matança. O que sobra é guardado em boiões de barro, coberto com banha, podendo conservar-se durante um ano. Os Torresmos também se comem sob a forma de torresmos em molho de fígado, prato preparado com entrecosto, fígado cortado aos bocadinhos e torresmos, temperados com vinho branco, sumo de limão galego e de laranja, calda de pimenta e torresmos de vinha-d’alhos que se preparam com costeletas de porco e torresmos brancos (torresmos mais gordos). Servem também para fazer o tradicional Bolo de Pé de Torresmos que é uma espécie de pão feito com farinha de milho, leite, açúcar e, por vezes, canela e com torresmos na massa. Em S. Miguel é rara a cozedura de pão de milho em que se não faça, pelo menos, um Bolo de Pé de Torresmos. É bastante seco e levemente torrado, sendo comido pelas populações rurais como sobremesa.
Um ditado de S. Miguel refere:
"Dia de cozer, dia de roer."
Saber Fazer
As carnes são temperadas, ficando 24 h no tempero. No dia seguinte, a mistura vai ao lume (por vezes, ainda, em panelas de ferro com três pés), temperando-se com louro, cravinho, canela e pimenta preta. O toucinho e as carnes gordas derretem e ficam só os bocados de carne e de fígado.
Produção
Produzem-se cerca de 4 toneladas por ano.
In: Produtos Tradicionais Portugueses - Vol 1
Direcção-Geral de Desenvolvimento Rural
Lisboa 2001