A serra do Bulcão, onde ardia o fogo que tenho contado, estava quase tão perto da Ribeira Grande como da Vila Franca do Campo, e todas águas vertentes para a banda do norte, cujo cinzeiro e pedra pomes lhe cobriu, secou a atupiu as ribeiras e fontes, sem lhe ficar água que beber, e a grande, dos Moinhos, que corta a vila pelo meio, atupindo as moendas, o que deu grão trabalho de sede e principalmente de fome, não somente à mesma vila, mas também à cidade de Ponta Delgada, que outras moendas não tinha, sem lhe cair a pedra pomes, nem cinza grossa, no povoado nem terras feitas, senão muito pouca, que cobriu as ruas e telhados; e nenhum dano fez mais que, vendo um dia um Herculiano Cabral, sacerdote, beneficiado do lugar de Rabo de Peixe, seu termo, ir da dita serra um nevoeiro dela ao longo do chão sobre a dita vila, cuidou que corria terra sobre ela e que a subvertera, e assim o parecia. E levando esta nova à cidade houve nela grande alvoroço, tristeza e pranto em todos e muitos mais naqueles que tinham lá seus parentes e amigos, tendo para si que eram todos mortos. Mas não recebeu dano a dita vila, nem com esta nuvem de cinza, nem com a que sobre ela choveu miúda como peneirada, porque ficava ao noroeste do dito fogo e monte abrasado, e daí pela maior parte foi o vento, todos aqueles dias tristes.
Na dita vila da Ribeira Grande, apartado algum pouco dela para a banda do sudoeste, está um pico, chamado do Sapateiro, por em outro tempo ser dum oficial deste ofício, o qual pico, por ter junto de si e por baixo no seu centro os mesmos materiais de enxofre, caparosa, salitre, rosalgar e pedra hume, como ali perto dão mostras as Caldeiras, que acima da vila fervem, e os fumos que de outras furnas há muitos anos saem e das terras que por ali vão ardendo, pelo que se chamam os Fumos, e porventura também por se comunicar algum vieiro do outro pico das Berlengas por algumas cavernas da terra, com este pico do Sapateiro, ardendo o das Berlengas primeiro e tremendo a terra com aqueles contínuos abalos e horrendos tremores que tenho dito, foi forçado que este pico do Sapateiro, seu vizinho, se acendesse e alterasse e buscando também violentamente porta e saída para resfolegar com a brava guerra que dentro em si tinha e o outro lhe incitava, começou a fazer maiores tremores e estrondos que todos os passados, que toda a ilha abalavam, mas na dita vila, como mais vizinha, mais se sentiam. A dita sexta feira, dia da Visitação de Santa Isabel, dois de Julho da dita era, em que começou a abrir o dito pico do Sapateiro, fazendo em si grandes gaivas e causando maiores medos, abrindo no seu cume uma furiosa boca por onde com grandíssimas e altíssimas labaredas de fogo botava para o ar muitas pedras mui altas, algumas tão grandes como meias casas, outras tão compridas e quadrangulares como grandes caixas, outras como trouxas de muita roupa, outras como lavradas para cantaria de algum edifício, e outras, sem medida nem feição, ásperas e toscas. E todas moles, abrasadas em vivo fogo, que depois de arrefecidas se tornavam de várias cores. Mas não saíram dali nenhumas pedras pomes grandes nem pequenas. E, como este fogo se abriu, o primeiro começou a abrandar; foram as chamas em crescimento tão grande e saíam com tanto soído, tão altas, que bem parecia a veemência do esprito que as espertava.
Ardendo assim na mesma fúria, parecendo primeiro grandes faxas e línguas de fogo, o domingo seguinte à tarde deitou pela boca e abertura do cume, com estrépito terríbel, uma grandíssima bola abrasada e começou a correr de cima uma grande ribeira de fogo em uma matéria fundida que parecia vidro ou alcatrão derretido. E correu para o nascente por uma grota abaixo, que estava junto do mesmo pico, em grande cópia como um rio, até chegar ao mar, indo muito devagar e, por onde quer que passava, queimava e destruía quanto achava, assim de silvas, matos, árvores mansas e bravas, canaviais e pomares que nela estavam, como qualquer outra matéria que achava disposta, e assim as lambia como estopas, lançando de si grandes fedores de enxofre. E nisto se deve louvar muito Deus, Nosso Senhor, que como misericordioso Pai se lembra dos pecadores, que não deixando este fogo coisa seca nem verde que não gastasse em um momento, por ser grande e como um ferro abrasado. Todavia, chegando aos pães que estavam mais duros e secos e mais dispostos para a fogueira que todo o mais, não os queimava e, se algum cobria, depois se achou inteiro, fresco e são; pelo que está manifesto suspender-lhe Deus a virtude nos pães. E, como ia pela grota abaixo ardendo, assim se ia por detrás coalhando e fazendo em pedra de biscouto, em altura da grota que era grande, até ficar rasa com as terras de pão. Alguns homens, vendo correr o dito fogo, chegando-se com sachos e enxadas, tiravam daquele licor para fora, o qual resfriando-se logo se tornava pedra de feição e parecer de escumalho de ferreiro. E, do dia que saiu do pico, e entrou na grota, por três dias e três noites, até que chegou ao mar, uma quarta feira, sete do dito mês de Julho, onde encontrando sua seca quentura com a água fria e húmida, fazia tão grandes estrondos, deitando aqueles fedores de enxofre, que causava maior espanto e medo.
E, tomando posse do mar um curto e largo espaço, ficou ali uma larga quantidade sobre suas águas, feita um grande e espaçoso cais de áspera pedra e não lisa penedia, e, como ia resfriando a ribeira, começaram a passar todos por cima, ainda que o polme derretido por baixo corria.
Logo outro dia, não se sabe se foi o seguinte, se quantos eram adiante, andando o fogo no dito pico fazendo seus acostumados estrondos, ao pé dele tornou a fazer outra boca do mesmo modo que a primeira, com grandes labaredas e estrondos. E começou a correr para o norte, atravessando o caminho que vai da vila da Ribeira Grande para a da Alagoa; dali correu pelo sarrado do doutor Francisco Bicudo. E antes de chegar ao atalho que vai da dita vila da Ribeira Grande para a cidade da Ponta Delgada, ali se sumiu por debaixo da terra, deixando feito um pequeno algar e boca, e espraiada alguma pedra ao redor; logo mais adiante, para o pico da Madeira, pela terra que trazia um Jorge Vaz, tornou a arrebentar e botou fora da superfície, cobrindo quantidade de dois alqueires de terra, e então se tornou a meter debaixo da terra, atravessando o atalho que disse, e, correndo por baixo, a terra se abaixou e gretou notavelmente por onde o fogo ia, que foi grande espanto para todos. Dali foi sair sobre a terra, a cabo de espaço de três tiros de besta, espraiando ali e ocupando espaço de quarenta alqueires de terra aos Nateiros, que foram de Gonçalo Vaz Delgado, correndo ao longo do pico do Potasinho e do biscouto que vai para casa de Fernão de Azevedo, onde cobriu algum trigo do filho de Gonçalo Anes Piquete e do filho de Afonso Lopes. E chegando mais abaixo à vinha do Meleiro, se deteve sem correr mais pelas terras de pão, antes minou para dentro do biscoutal e por baixo dele ia comendo a terra e fazendo grande terramoto para contra o lugar de Rabo de Peixe, abrindo diante e gretando o biscouto, fazendo grotas até a terra de pão que trazia João Roiz, do dito lugar de Rabo de Peixe. Ambas estas ribeiras, resfriadas com o ar, se tornaram logo biscoutos ou biscoutaes de ásperas pedras, como outros muitos em muitas partes desta ilha semelhantes, e da mesma maneira já corridos muitos anos atrás, por muitas vezes, antes que esta ilha fosse habitada; os quais ninguém entendia, nem acabou de entender a origem e causa deles, senão depois que viram correr estas ribeiras de pedra derretida, que descobriram o segredo desta filosofia porque dantes havia diversas opiniões deles, como irei dizendo.
Há-se de notar que nesta ilha há muito enxofre, como se vê claramente em muitas partes dela, principalmente nas Furnas, onde se acha infinidade dele que, por mais que tirem e levem daquele lugar onde o acham, torna a crescer outro de novo e nunca falta. Também na Ladeira da Velha, no meio dela, onde se chama a Selada, por fazer ali a terra como maneira de sela, dali para a serra um bom espaço, se acha muito enxofre, onde João de Torres o mandou fazer e apurar algumas vezes. E nas Furnas se acha caparosa e se fez pedra hume, como na vila da Ribeira Grande, e em muitas partes da ilha se acham pedreiras dela, que também é mineral e isca de fogo. Há também em muitas partes da mesma ilha, principalmente na Ribeirinha, termo da vila da Ribeira Grande, do caminho para a serra, muita marquezita, pelo que se conjectura que também deve de haver outros minerais que sejam cevo do fogo, como é rosalgar e outros, pois o fedor de alguns mata cães, pássaros e gado, que se chegam aos lugares onde os tais materiais estão, como se vê claro no campo dos fedores das Furnas e junto das Caldeiras da vila da Ribeira Grande, de que já tenho contado. Também parece que deve de haver minas de prata, mas mui profundas e cobertas de pedra que correu e de cinza e de pedra pomes, que caiu por cima, ou, se não houver prata, pode ser que será por não penetrarem os raios do sol ou da lua a terra, por serem oblíquos e não tão rectos e ponteiros que tenham força para criar minas de ouro ou prata nas entranhas desta terra, que é em extremo húmida, pelo que tudo nela cria bolor, mofo, e nas armas muita ferrugem.
Também se há-de notar outro pressuposto, que estes vieiros de enxofre e salitre e caparosa e outros materiais que estão debaixo da terra, vindo-se lá a acender ou por crescer a matéria deles, ou com o movimento de espíritos e exalações, como o natural do fogo é subir para cima para sua esfera, buscando por onde sair, vai principalmente buscar o mais alto lugar que são os montes, ou porventura por achar neles maiores meatos, cavidades e cavernas, e por ali respira. E por isso quase todos os montes e picos desta ilha estão arrebentados, que pelos anos atrás, antes de ela ser povoada, ora arrebentava um, ora outro, e deitaram de si uns terra, outros cinza, outros pedra pomes, outros pedra derretida feita polme, do parecer e cor de mel de canas, e resfriando-se tornava-se pedra de biscouto, que são os biscoutaes e pedras que agora vemos nesta ilha claramente, que em outro tempo correram ribeiras deste polme, dos quais biscoutos muitos estão agora prantados de vinhas.
Outros terramotos aconteceram, como o de Vila Franca, onde não correu biscouto, senão terra, e parece que não foi de fogo, senão de humidade e exalações que nas cavernas da terra se converteram cada pouco em dez tanto de água ou de ar ou de outro elemento superior mais seu vizinho e não podendo caber no estreito do lugar que antes ocupava, andou aquele espírito e ar movendo-se para os lados, buscando saída e sacudiu com a força com que se movia o pedaço da terra que correu do monte sobre Vila Franca, como feita polme, por ser terra húmida, alagando-a e matando aquela madrugada quase todos seus moradores.
Punha em muita confusão aos moradores desta ilha verem a pedra destes biscoutos assim queimada, e havia muitas opiniões e juízos, não sabendo atinar como se fizeram e forjaram. Entre outras diziam que, quando os primeiros descobridores acharam esta ilha, antes de saírem em terra fizeram dizer no ilhéu de Vila Franca uma missa e dizendo-a ouviram grande grita dos demónios na terra, que diziam: — não é vossa, não é vossa; nossa é, nossa é — como os gritos que se ouviram na ilha de deus Pan, quando disse uma voz aos que em uma nau por ali passavam: — dizei lá na terra para onde ides que é morto deus Pan; e acabada esta voz, ouviram os que iam na nau grandíssimos gritos e alaridos na terra, como que pranteavam a morte daquele deus fingido. Assim se dizia nesta ilha que, acabando os que estavam no ilhéu de ouvir estas vozes, os demónios se foram com grande alarido pela ilha e puseram fogo a toda ela, donde ficaram as pedras e biscoutos queimados, como escória de ouro e prata que se queimara. Mas, o tempo em nossos dias, com este segundo terramoto, descobriu a verdade disto, pois os biscoutos não são outra coisa senão umas ribeiras de fogo que de alguma matéria que do centro ou concavidade da terra, incendida com enxofre e salitre e outros materiais, saía derretida em diversos tempos e anos pelos pés e mais altos cumes dos montes, quase todos, como claramente suas bocas que neles se vêem abertas, dão testemunho verdadeiro.
Também pode ser que o fogo, acendendo-se em sua matéria, derrete pedra dura ou mole, que está lá debaixo do mar e da terra e arrebenta derretida pelos montes, fazendo as ribeiras que vimos, que correram pela face da terra, e resfriado aquele licor se tornou outra vez pedra sobre a terra, como dantes era lá no centro ou caverna, e por ser assim cosida duas vezes e ser dura e áspera, lhe chamamos biscoutos, que quer dizer duas vezes cosidos, uma debaixo da terra quando se coseu a matéria de que eles se fazem, ou na criação, ou na ereição das ilhas e terras que os têm, e outra, quando se derreteu com o fogo e saída fora da terra, com o frio circunstante se congelou e endureceu.
Também parece provavelmente que os biscoutos que correram são material de ferro e marquezita, tudo fervido com a força do salitre e dos vieiros de enxofre e fogo, com alguma mistura de terra, e de tudo se faz um polme como melado ou grosso remel quase preto de canas de açúcar, o qual correndo pela superfície da terra, indo-se resfriando com o ar frio, se vai congelando e tornando pedra, muita da qual é boa alvenaria para edificar e fazer casas; outra é mais leve e crespa e mais queimada, de cor quase vermelha, para fazer fornos e abóbadas, caldeadas com cal, por ser muito leve; outra crespa, tosca, preta e mais pesada que a vermelha, a que chamam biscoutos; outra cinzenta. Também, segundo diversos vieiros e fundições e misturas debaixo da terra, outra pedra branca e outra preta, para obra de cantaria, portais e janelas, muito boa; outra de cor de boi, a que chamam tufo e serve para fazer chaminés e desta há uma pedreira no lugar de Rosto de Cão, melhor que as mais das outras partes, porque caldeia melhor a cal nela. A branca que parece cinzenta, tira, algum tanto a azul claro; desta, que é melhor, há na ribeira do Salto; a somenos no pico do Sapateiro e a medíocre no pico dos Ginetes. Da preta, há grande quantidade perto da Vila Franca, no caminho junto do mar, onde já tenho dito.
Assim como a matéria da pedra pomes é um material preto que se parece com azeviche, que dizem que se chama atabona, ainda que eu tenha a atabona por mais rija, pois dela se fazem navalhas e lancetas com que sangram, de que há grande cópia nas Canárias, assim a matéria mais principal dos biscoutos é a marquezita, de que há muita nesta ilha. E não parece haver prata porque falhou a influência do céu para a perfeiçoar, ou por ser esta terra húmida, ou por estar muito profunda no centro, e também não a fitarem os raios do sol e da lua tão direitos nela, ou por outras causas ignotas. E a prova mais certa de ser esta a matéria dos biscoutos é porque o doutor Gaspar Gonçalves e João de Torres, quando aqui fizeram experiência da prata, derretendo a marquezita para ver se a tinha, o que dela saiu era pedra de biscouto e não prata. Como também derretida a pedra preta, que alguns chamam atabona sem o ser, cresce muito no fogo como escuma e se torna pedra pomes, como se há visto por clara experiência.
Alguns dizem ser matéria dos biscoutos o acernefe que se acha nas Furnas, que é um material amarelo como pedra luzente, no qual pega o fogo mais que em enxofre e queimado se derrete e torna em escória, da maneira que são os biscoutos que correram nesta ilha, ou ambos juntos, acernefe e marquezita, são matéria deles.
Do acima dito parece claro que os biscoutos de pedra, que há nesta ilha e ilhas dos Açores, não são outra coisa senão escória de alguns metais e principalmente de acernefe ou de marquezita, de que nesta ilha há grande cópia. E se há algum metal fundido com os incêndios que se levantam debaixo da terra, de certos em certos anos, como coisa de mais substância e peso, vai abaixo e fica nas cavernas e cavidades da terra, e a escória como mais leve e vomitada com grande força do fogo e espíritos vai acima e corre pela terra, como se vêem nesta ilha os biscoutos, os quais se assentaram na terra mais chã e fértil e nos mais principais vales. E assim nestas ilhas o melhor delas está ocupado com estes biscoutos. Foi isto agora cousa nova para a gente desta ilha, que nunca tal viram, mas não é cousa nova à mesma ilha, porque muitas vezes e em diversos anos há acontecido o mesmo, o que parece claro, como tenho dito, pois pela encumeada da serra, começando da serra de Bulcão que disse, até os Mosteiros, onde está o derradeiro promontório que a mesma ilha faz ao ocidente, por intervalo de algumas nove ou dez léguas, quase não há monte que não tenha de si lançado um biscouto; e em cada um há uma boca de pedra queimada e vermelha, certo sinal de incêndio que precedeu. E uns estão mais frescos que os outros, pelo que se mostra que foram em diversos tempos. Além disso, há biscoutos nesta ilha, uns cobertos de mato antiquíssimo e de terra, e outros ainda tão frescos, descobertos e sem virtude de criar alguma erva ou árvore, que bem parece serem vomitados de pouco tempo, como este que correu do pico do Sapateiro, que os presentes viram nascer e crescer, que daqui a muito tempo não terá virtude de frutificar coisa alguma. Podem os homens deste tempo dizer que são tão velhos, ainda que mancebos, que viram nascer pedras e crescer e correr em tanta cópia que delas se podem edificar muitas e mui populosas cidades, o que não é para crer, sendo verdade. Mas menos para crer e muito mais para chorar, não com qualquer choro, senão com lágrimas de sangue; e para muito maravilhar e espantar é ver alguns que esta tão terríbel ameaça de Deus com seus olhos viram e com os espantosos temores e tremores e furioso fogo da terra, como estes biscoutos, se derreteram enternecidos e contrictos das demandas falsas que faziam, do ódio e rancor empedernido de seus próximos, da fama alheia com falsos testemunhos e murmurações e juizos temerários roubada, e do alheio mal levado, pediram públicos perdões uns a outros e depois do perigo passado, quase com esquecimento eterno dele, resfriados como os mesmos duros biscoutos, tornando a tragar o vomitado, tornaram a suas ilícitas demandas e ódios antigos e a ratificar seus falsos testemunhos e inventar outras detracções, injúrias e novas suspeitas e reter a fazenda alheia publicamente, feitos biscoutos recosidos e mais duras pedras que eles, sem temor de Deus, que os pode, não somente ameaçar, como então fez, mas asperamente castigar, e sem pejo de si mesmos contra o escrúpulo de sua consciência que forçadamente os há-de estar e está remordendo e tendo em má conta, julgando-os por tições do inferno; pelo que, Senhora, não é para me estranhar a grande saudade que tenho de meu irmão Torme, desterrado do mundo e da minha irmã Nhervoga, já perdida dele, de todo absente, fugida e degradada.