massa_sovadaOutras Denominações

Bolo de Massa Sovada ou Bolo de Massa. Designa-se por «brindeira» quando se destina a servir de oferta e «folar» quando confeccionado na Páscoa.

Variantes
Folares que, quando confeccionados pela Páscoa, levam no topo ovos cozidos semiembutidos na massa e presos por cordões da mesma massa.

Particularidade
Pão doce, de tamanho e forma variadas, cuja massa, depois de cozida, tem sabor e cheiro muito especial a ervas aromáticas (funcho ou erva--doce), para além de ter uma textura muito leve.

Descrição
Os pães de massa sovada, depois de cozidos, apresentam um miolo amarelado e côdea castanho-escura. Exalam o aroma das ervas aromáticas com que são revestidos ao sair do forno e antes de serem abafados.
A massa é constituída por farinha de trigo, ovos, banha, açúcar, leite e fermento de pão. A massa sovada pode apresentar-se sob a forma de «Bolos de massa sovada», com feitio de pães de vários tamanhos; «Biscoitos ou Argolas», típicos das festas do Espírito Santo (nos Arrifes, Relva, Ginetes e Rabo de Peixe chegam a atingir o tamanho de rodas de carro); «Roscas» e «Rosquilhas», quando a massa é tendida no feitio de cordas; "Bonecos", apresentando-se em diferentes formatos, devendo a sua origem estar ligada aos antigos ex-votos e sacrifícios.

História
A expressão «sovada» tem sido discutida, pois há quem afirme que o termo se deve ao processo de amassar enquanto outros defendem que deveria ser «cevada», por ser massa «engordada» com banha. Prevalece a forma massa sovada, porque um dos segredos da preparação é precisamente o amassar ou sovar bem a massa, como refere Carreiro da Costa. Os bonecos de massa são característicos de S. Miguel. Devem ser vestígios de paganismo e de cultos muito antigos que passaram do Continente para os Açores. Os folares são exclusivo da Páscoa e a sua antiguidade em S. Miguel remonta, pelo menos, à
primeira metade do século XVI, como refere o mesmo autor.

Uso
Muito apreciada entre as populações rurais, que a consomem em épocas festivas, como as festas do Espírito Santo. Também se fazem bonecos em quase todas as ilhas dos Açores. Os bonecos são fabricados sempre com a mesma intenção e sentido religioso, sendo estranhamente moldados, com as mãos apoiadas nos quadris e as pernas excessivamente abertas, olhos simulados por sementes de centeira ou ervilheira. São oferecidos ao Divino Espírito Santo ou a Santo Antão, Santo Amaro, Santa Luzia ou outros como pagamento de dádivas recebidas.
Tomam formas zoomórficas quando destinados a Santo Antão, padroeiro dos animais, ou o formato de pernas ou braços quando destinados a Santo Amaro como reconhecimento pela cura de membros partidos ou atrofiados.

Saber Fazer
A confecção difere de localidade para localidade e a quantidade de ingredientes tem muito que ver com as «posses» de cada um. A farinha de trigo é peneirada até que, quando apertada na mão, fique solta. Faz-se uma «presa» com fermento que se obtém do crescente do pão de milho e mistura-se com ovos e açúcar. Deixa-se levedar, abafada. Coloca-se num alguidar, fazendo uma cova para se deitarem e baterem os ovos, sem os misturar com a farinha. Deita-se parte do açúcar sobre a farinha e parte sobre os ovos. Mistura-se tudo até secar, só depois se juntando a gordura derretida, a «presa», o sal e o leite. Sova-se muito bem a massa, calculando-se cerca de 1 hora por cada quilo de farinha, abafa-se para levedar, após o que se tendem bocados com o feitio desejado. Cozem em forno forte.

Produção
Embora a maior parte da produção seja «caseira», estima-se em cerca de 170 toneladas a produção vendida.

In: Produtos Tradicionais Portugueses - Vol 3
Direcção-Geral de Desenvolvimento Rural
Lisboa 2001