malassadaParticularidade
Bolos apresentados sob a forma de disco, de cor torrada e massa porosa.

Descrição
Bolos de forma cilíndrica, ligeiramente adocicados, com uma massa porosa
e a crosta ligeiramente tostada, cozidos sobre uma sertã de barro polvilhada
com farinha. A massa é feita com farinha, manteiga, açúcar, fermento
de pão e leite que baste.

História
As Malassadas são uma especialidade micaelense, própria da época carnavalesca.
Existem referências a estes fritos em Augusto Gomes e num artigo de
Carreiro da Costa. Acerca do seu nome existem duas versões: segundo uns
deveriam chamar-se Melassadas porque antigamente entrava na sua composição
melaço de cana, sendo neste caso a grafia mais correcta a de Melaçadas.
Outros, versão que parece mais certa, defendem que o nome Malassadas tem
origem no processo de fabrico do doce. Também no cancioneiro tradicional do
Carnaval há referência às Malassadas:

As filozes que nos puseres
Trazei-as numa razoila
Que a gente há-de se pôr nelas
Que nem porcos em papoila.

Uso
Comem-se e oferecem-se a pessoas amigas durante a época do Carnaval. Nos
bailes e assaltos do Carnaval serviam-se sempre Malassadas. O Dr. Carreiro da Costa, no artigo já mencionado, refere: «... nas cidades e nas vilas são os aparatosos
presentes de malassadas e sonhos um costume muito em voga».
Actualmente ainda se continua a servir Malassadas durante as festas de
Carnaval, na ilha de S. Miguel.

Saber Fazer
Mistura-se a farinha peneirada com o açúcar, faz-se um buraco ao meio, junta-se fermento diluído em leite, ovos batidos e amassa-se bem, juntando aos poucos o leite necessário para se obter uma massa branda. Vai a levedar, tendendo-se depois pedaços de massa que se esticam com os dedos, dando-lhes a forma desejada, após o que se fritam. Depois da fritura, polvilham-se com açúcar e canela.


In: Produtos Tradicionais Portugueses - Vol 1
Direcção-Geral de Desenvolvimento Rural
Lisboa 2001

bolo_levedoParticularidade

Bolos apresentados sob a forma de disco, de cor torrada e massa porosa.

Descrição
Bolos de forma cilíndrica, ligeiramente adocicados, com uma massa porosa
e a crosta ligeiramente tostada, cozidos sobre uma sertã de barro polvilhada
com farinha. A massa é feita com farinha, manteiga, açúcar, fermento
de pão e leite que baste.

História
Augusto Gomes faz referência a uma receita de Bolos Lêvedos da freguesia
da Bretanha, na ilha de S. Miguel. No entanto, os Bolos Lêvedos actualmente
mais famosos são os das Furnas.


Uso
Estes bolos constituem uma especialidade do Vale das Furnas, sendo muito
apreciados pela população. Podem acompanhar toda a refeição ou servir-se ao
pequeno almoço ou ao lanche, com manteiga e queijo fresco ou com doce de
frutas.

Saber Fazer
São bolos preparados de maneira tradicional. Para a preparação da massa,
peneira-se a farinha e o açúcar, faz-se uma cova ao meio e junta-se o fermento dissolvido num pouco de leite. Mistura-se e deita-se a manteiga derretida.
Amassa-se até ficar com a consistência de massa de pão. Tendem-se bolos do
tamanho de uma laranja não os enrolando, mas virando as bordas para dentro.
Colocam-se sobre toalhas com o remate para baixo. Levedam durante 4 horas.
Após este tempo, achatam-se as bolas até ficarem com a forma de disco.
Depois de levedada a massa, cozem-se sobre uma sertã de barro polvilhada
com farinha.

Produção
A produção é de cerca de 60 toneladas por ano (1991). A Direcção Regional de Comércio e Indústria exerce uma vigilância rigorosa sobre o fabrico deste bolo, a fim de proteger a verdadeira receita e a autenticidade destes bolos, tão apreciados.

In: Produtos Tradicionais Portugueses - Vol 1
Direcção-Geral de Desenvolvimento Rural
Lisboa 2001

licor_de_leiteParticularidade
A curiosa particularidade deste licor será talvez a sua dupla utilização: quer como licor, quer através do aproveitamento dos seus resíduos, na confecção do pudim de Natal.

Descrição
Líquido transparente, de cor âmbar, bastante doce e de sabor complexo, devido à sua composição.

História
Como todos os outros licores caseiros, a sua origem perde-se no tempo, se bem que não tenha sido encontrado nenhum registo escrito. Contudo, o consumo dos licores faz parte do folclore tradicional e determinados costumes implicam a sua integração na vida das gentes açoreanas.
Um desses costumes, que se aplica a todos os outros licores caseiros, é uma curiosa tradição da ilha de S. Miguel em que, por alturas do Natal, grupos de adolescentes vão de porta em porta perguntando se «o menino mija», oferecendo-se-lhes então um pequeníssimo cálice de licor juntamente com outras guloseimas.

Uso
Após as refeições e, especialmente, na altura do Natal.

Saber Fazer
Num garrafão de boca larga coloca-se uma mistura de álcool, açúcar, baunilha, chocolate, limão e leite, que ficam de infusão 15 dias. Durante este tempo, a infusão é agitada todos os dias. Ao fim dos 15 dias a mistura é filtrada cuidadosamente, através de um filtro de papel, colocado num funil. Os resíduos vão-se retirando com cuidado, para não romper o filtro, já que se pretende obter um líquido perfeitamente límpido. Estes resíduos guardam-se cuidadosamente, para juntar ao pudim de Natal que também é preparado, tradicionalmente, por esta altura.

Produção
É impossível avaliar a produção, já que, na sua maioria, é obtida de forma caseira.
In: Produtos Tradicionais Portugueses - Vol 1
Direcção-Geral de Desenvolvimento Rural
Lisboa 2001

licor_de_amoraLicor de Amora

Variantes
Licor de Tangerina. Licor de Maracujá. Licor de Ananás.

Particularidade
Licor com cor e sabor característicos do fruto.

Descrição

Licor de Amora — licor de cor vermelho-arroxeada muito escura, feito com álcool, açúcar e amoras silvestres da região, obedecendo a uma confecção artesanal.
Licor de Tangerina — licor de bonita cor laranja, de sabor característico a tangerina e preparado com álcool, casca de tangerina e açúcar.
Licor de Ananás — licor amarelado, preparado como o de tangerina e com a casca do ananás.
Licor de Maracujá — de confecção análoga ao de amora.

História
Carreiro da Costa cita este licor dizendo ser de especial apreço como estimulante. De acordo com a tradição oral, é impensável chegar-se à época das festas natalícias sem que os licores tradicionais estejam prontos para servir aos cantantes de Janeiras (grupos de crianças e jovens que vão de porta em porta cantando as Boas Festas) e às visitas que se recebem por estas alturas.

Uso
Servidos após as refeições como digestivo, ou como estimulante, muito especialmente pelo Natal.

Saber Fazer

Colhem-se os frutos que, no caso da amora, se usa tal e qual, ou, para a tangerina e ananás, são descascados e só se aproveitam as cascas. Os frutos ou as cascas são postos de infusão em álcool e açúcar dissolvido em água. Após o tempo devido (para a tangerina é normalmente de 9 dias), a infusão é filtrada, através de um filtro de papel colocado num funil, e engarrafada.

Produção

Não é possível avaliar a produção. Estes licores fabricam-se em todas as ilhas, sendo a parte comercializada muito menor do que a produção real. Contudo, o Licor de Maracujá é fabricado pela Fábrica Ezequiel com uma produção de 120 000 litros por ano. A Fábrica Atlântida, de Ponta Delgada, fabrica cerca de 700 litros de Licor de Amora, embora trabalhe um pouco por encomenda.

In: Produtos Tradicionais Portugueses - Vol 1
Direcção-Geral de Desenvolvimento Rural
Lisboa 2001