Engº Moniz da Ponte, 2010
O abacateiro (Persea americana Mill.) é uma fruteira tropical da família das LAURACEAE, originaria da América Central ( México, Guatemala, Panamá e Antilhas), tendo sido disseminado por várias regiões do globo pelos navegadores Espanhóis.
O abacateiro encontra-se actualmente espalhado pela maior parte dos países das zonas tropicais e sub-tropicais, assim como nos países de clima mediterrâneo. Em Portugal cultiva-se nas regiões do Algarve, Madeira e Açores.
A planta do abacateiro tem preferência por um clima com inverno suave, humidade atmosférica ligeira a alta e com ausência de geadas, não suportando ventos muito fortes, exigindo neste caso protecção adequada, como por exemplo de sebes vivas.
Prefere solos com Ph entre 6 e 7, profundos, permeáveis, ricos em matéria orgânica e com boa retenção para a água. A planta do abacateiro possui um porte médio a elevado, de folhas persistentes, com crescimento rápido, variando a copa consoante as variedades cultivadas.
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O fruto do abacateiro é uma drupa (fruto que tem um só caroço) designada por abacate ou pêra-abacate. A sua polpa é comestível, rica em gorduras monoinsaturadas semelhantes às contidas no azeite, podendo apresentar diversas formas, cor e tamanhos comforme as variedades.
O fruto contém uma semente esférica composta por dois cotilédones. As flores do abacateiro são abundantes e estão reunidas em inflorescências axilares e paniculares.
As diversas variedades de abacateiro existentes actualmente, estão referenciadas em dois grupos distintos:
Grupo A – abrem as suas flores pela manhã, apresentando-se o órgão feminino apto para ser fecundado, mas não descarregam o seu pólen; depois abrem as suas flores, pela segunda vez na tarde do dia seguinte, e então descarregam pólen, mas já não há receptividade do órgão feminino;
Grupo B – abrem as suas flores pela primeira vez à tarde e segunda vez pela manhã, no dia seguinte. Na primeira abertura o pistilo (órgão feminino) está apto a ser fecundado, mas não há pólen, que só começa a cair na segunda abertura das flores.
Assim, os pistilos das flores dos abacateiros do grupo A apenas poderão receber pólen das flores dos abacateiros do grupo B, enquanto que os pistilos do grupo B só serão fecundados por pólen proveniente de flores de plantas de abacateiros do grupo A.
Devido a esta particularidade das flores da planta do abacateiro, existe a necessidade de se plantarem variedades que se polinizem entre si, contribuindo para tal os insectos polinizadores, em particular as abelhas.
As principais variedades de abacateiros que têm tido melhor adaptação e produção nos Açores são as seguintes:
Grupo A- “Hass”; “Reed”; “Nowels”; “Topatopa”; “Pinkerton” e “Duke”;
Grupo B –“Bacon”; “Nabal”; “Fuerte “e “Zutano”.
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Da esquerda para a direita: Bacon, Fuerte, Gwen, Hass, Lamb Hass, Pinkerton, Reed, Zutano |
As épocas de maturação e colheita dos frutos do abacateiro variam de acordo com as diferentes variedades instaladas no pomar. Os compassos de plantação mais adequados aos abacateiros são em quadrado 6mx6m; 7mx7m ou 8mx8, dependendo do tipo de solo e exposição do terreno.
O sistema de condução mais utilizado é o vaso, mas em eixo central também pode ser utilizada.
Relativamente a podas e sistemas de condução, deverão ser os mais adequados ao desenvolvimento de uma copa o mais baixo possível, evitando-se assim expor as árvores à acção dos ventos fortes, muito prejudiciais ao abacateiro.
PROPAGAÇÃO DO ABACATEIRO
É importante efectuar a enxertia das diferentes variedades em porta-enxertos resistentes ao Phytophthora cinnamomi Rands (Duke, Topa e Nowell, pois este fungo pode provocar enormes prejuízos nos abacateiros, podendo mesmo resultar na sua morte. Os tipos de enxertia mais utilizados são a fenda cheia, fenda de encosto e a borbulha.
AS PRINCIPAIS DOENÇAS E PRAGAS
As principais doenças que afectam os abacateiros são a Podridão das raízes (Armillaria mellea e Phytophthora cinnamomi). As pragas mais importantes são os Thrips, Pulgões/Afídeos, Ácaros e Cochonilhas.
Os frutos após colheita podem ser atacados por várias micoses, que podem ser controladas por produtos fitofarmacêuticos homologados no âmbito dos Usos Menores ou os homologados em Agricultura Biológica. Pode também ser utilizada a água quente (55ºC).
OUTRAS INFORMAÇÕES: O abacate é um fruto (tecnicamente é um fruto, embora seja muito utilizado como se fosse legume) dos mais famosos do mundo pelas suas vantagens para a saúde, nomeadamente por ser bom para o coração (reduz os níveis de colesterol total significativamente, triglicérides no sangue até 20 %, o colesterol LDL até 22 % e aumenta o HDL – o “bom” colesterol – até 11%). É a base do famoso “Guacamole”.
Estes são alguns dos nutrientes mais abundantes, por 100 gramas, em percentagem da dose diária recomendada: Vitamina K: 26 %; Vitamina C: 17 %; Potássio: 14 %; Vitamina B5: 14 %; Vitamina B6: 13 %; Vitamina E: 10 %. Contém ainda pequenas quantidades de magnésio, manganês, cobre, ferro, zinco, fósforo , vitamina A, B1 (tiamina), B2 (riboflavina) e B3 (niacina). Contém 160 calorias, 2 gramas de proteína e 15 gramas de gorduras saudáveis . Embora contenha 9 gramas de carboridratos, 7 são de fibra. Não contém colesterol ou sódio.
Mas também é famoso ao nível cosmético, sendo a base de inúmeros produtos para o cabelo e a pele. Usa-se fatias da polpa sobre os olhos para reduzir as “olheiras” (20 minutos); como máscara hidratante para o cabelo( receita: misture um abacate maduro com 1 colher de chá azeite extra-virgem e de manteiga derretida até ficar homogéneo; aplicar com moderação para raízes e pontas, deixando por 30 minutos e enxaguar completamente); como máscara esfoliante (receita: misturar um abacate, uma clara de ovo, duas colheres de sopa de farinha de aveia e uma colher de chá de sumo de limão; aplicar generosamente na cara, por 15 a 20 minutos, depois lavar com água morna; fazer duas vezes por semana).
Há estudos que sugerem que tem características de antibiótico natural e benefícios antifúngicos; tem uma variedade de fitoquímicos antioxidantes, incluindo flavonóis e proantocianidinas e por isso é antioxidante, podendo ser usado para prevenir a deterioração de alimentos. Pode proteger contra a formação de placa arterial. É usado como corante alimentar – um pigmento laranja que se forma quando a semente de abacate é esmagada.
semente seca e moída pode ser usada como infusão. A semente é utilizada como shampôo que alegadamente reduz os cabelos brancos (Receita: Lave e seque 3 sementes; ralar; adicionar 6 xícaras de água e deixe ferver durante 30 minutos; combinar esta infusão com 60 ml de shampoo natural).