Engº Moniz da Ponte


anoneira1A anoneira (Anona cherimola Mill),é uma fruteira da família das Anonáceas e é originária das zonas sub-tropicais da América do Sul, tendo sido introduzida nos Açores nos finais do século XIX, onde se adaptou muito bem ás condições edafo-climáticas das ilhas, sendo o seu fruto designado por “coração negro” ou “anona”.
Inicialmente eram multiplicadas por semente, tendo por este modo dado origem ao aparecimento de muitas cultivares ou variedades.

De todas as formas culturais existentes na ilha de S. Miguel, a variedade “ Pinha Larga “ foi a que apresentou características agronómicas e organolécticas de interesse, quer para os fruticultores quer para os consumidores locais.

EXIGÊNCIAS EDAFO-CLIMÁTICAS
Sendo uma fruteira sub-tropical a cultura da anoneira prefere Invernos suaves com ausência de geadas. Zonas com temperaturas estivais não superiores a 30ºC. Estação seca de quatro a cinco meses.

Ventos constantes e moderados na Primavera, que permitem a queda do polén ao agitar os estames sobre o estigma. A anoneira prefere os solos ligeiros, profundos e frescos. Solos com boa drenagem e bom arejamento e de reacção neutra ou ligeiramente ácidos.

Desde o vingamento até à maturação completa do fruto decorrem no mínimo 4 a 5 meses podendo ir até aos 8 meses. O momento ideal para a apanha do fruto corresponde à passagem da cor verde para um verde amarelado/pálido. A qualidade do fruto da anoneira encontra-se dependente de três factores:
Resistência da pele – para que haja as menores perdas possíveis. Os frutos com a pele lisa sofrem menos danos, pelo contrário, os frutos com protuberâncias requerem mais cuidados.

O Grau Brix – (determinação dos sólidos solúveis totais) estar bem correlacionado com o sabor dos frutos.

O índice de sementes –  É um factor qualitativo e representa a relação entre o número de sementes e 100 gramas de fruto maduro (peso mínimo aceite pela Norma de Qualidade). Quanto menor o Índice de Sementes maior é a aceitação comercial do fruto.

De acordo com a tabela Internacional proposta por Farré, J.M.M., são estabalecidas as seguintes categorias:

Menos de 7,5: Excelente; 7,5 a 10: Boa; 10 a 12,5: Corrente; Mais de 12,5: Má.


COMPORTAMENTO

A anoneira é considerada uma árvore de folha semi-caduca, porque na maioria dos locais onde é cultivada permanece sempre com folhas, ou seja as folhas velhas só caem quando emergem os novos rebentos.

O abrolhamento ou rebentação da planta ocorre em princípios de Abril e vai até Junho, conforme a altitude dos terrenos onde se localizam os pomares.
A anoneira apresenta polinização deficiente nas nossas condições climáticas, sobretudo se forem expostas a ventos marítimos, pois a salinidade existente no ar dificulta a fecundação. Por outro lado, em zonas onde a humidade relativa do ar seja baixa, a polinização também é afectada ao nível da receptividade do estigma. Estes dois aspectos podem fazer baixar a produção de fruta de forma muito significativa.

Quando as condições são desfavoráveis à polinização da anoneira, a percentagem de vingamento das flores em fruto situa-se entre os valores de 2% a 5%.
A fim de melhorar a polinização desta cultura, desenvolvem-se em alguns países trabalhos de polinização artificial, tendo em vista garantir, uma colheita satisfatória todos os anos, melhorar os calibres dos frutos e obter uma maior precocidade.

O início da floração na cultura da anoneira coincide com o abrolhamento, podendo estas duas fases do ciclo anual prolongar-se durante dois ou três meses. A ântese, ou abertura floral, verifica-se desde a parte superior da copa até à sua base, e desde a periferia até ao interior.

anoneira3A abertura floral caracteriza-se pelas pontas das pétalas ligeiramente separadas. Nesta fase a flor encontra-se no estado pré-feminino com os estigmas receptivos. A ântese coincide com as horas em que as temperaturas descem e a humidade relativa aumenta.

A flor da anoneira é hermafrodita e apresenta dicogamia protogínica, ou seja os orgãos femininos (pistilos) não amadurecem ao mesmo tempo que os órgãos masculinos (estames).

A duração da flor na fase feminina poderá estender-se de 1 a 4 dias, dependendo da temperatura ambiente. No estado masculino as pétalas passam a estar completamente abertas e o pólen é libertado, mantendo-se viável durante 24 horas.

Nos Açores a floração da anoneira prolonga-se de Maio a Agosto, dependendo da altitude e das condições atmosféricas onde a cultura se desenvolve. A auto-polinização ocorre quando a temperatura média do ar varia entre 16 e 20 graus centígrados, a humidade relativa do ar se encontra entre os 60 e 80 % e os ventos sejam constantes e moderados. A ineficácia dos agentes polinizadores (vento e insectos), faz com que surjam frutos pequenos e assimétricos.


PODAS

anoneira5A poda da anoneira é determinante para a produção das plantas e para o controlo da qualidade dos frutos. Na altura de se efectuar a poda de formação, que deve ser realizada nos primeiros 2 a 3 anos após a plantação, escolhe-se o sistema de condução que vai determinar o futuro desenvolvimento da planta.

Nos Açores é mais utilizado o sistema em vaso. Na altura da plantação a planta é atarracada a 60 ou 80 cm acima do nível do solo, deixando-se desenvolver 3 a 4 ramos inseridos em diferentes posições no tronco principal.

O compasso de plantação mais utilizado nos pomares da ilha de S. Miguel é de 7m x7m em quadrado dando uma densidade de 204 plantas por hectare.
Na poda de frutificação aplicada às árvores adultas, pretende-se manter o equilíbrio entre os ramos vegetativos e reprodutivos, e assim conseguir uma boa carga, beneficiando a qualidade e a quantidade de frutos.

A poda deve ser executada quando o terço superior da copa apresentar as folhas com cor amarelada, e antes de se iniciar a nova rebentação.
Devem ser eliminados os ramos interiores, os ramos secos, os indevidamnente situados, os enfaquecidos e ainda qualquer ramo que prejudique o bom desenvolvimento de outros ramos e os que tendem a alongar-se desmedidamente, atarracando-se estes principalmente com cortes sobre laterais.

Deste modo devem resultar copas baixas, protegendo-se assim as plantas e os frutos dos ventos fortes e facilitando a colheita dos frutos.
A poda da anoneira é efectuada durante os meses de Março a Maio, correspondendo à poda de Inverno. A poda em verde realiza-se durante os meses de Julho e Setembro.


MULTIPLICAÇÃO

anoneira12A multiplicação da anoneira faz-se por sementeira e enxertia. Quando se tem como objectivo a manutenção das características varietais das variedades seleccionadas, tem de se recorrer à propagação vegetativa e em particular à enxertia de garfo sobre porta-enxertos francos.

O tipo de enxertia mais utilizado é de “fenda cheia”, decorrendo durante os meses de Março a Maio.

Após a enxertia e quando o desenvolvimento da planta se mostrar adequado, deve ser escolhido o sistema de condução a adoptar na futura plantação do pomar.

 

A FERTILIZAÇÃO

A anoneira é exigente em alguns nutrientes, em particular Azoto, Potássio, Cálcio e Magnésio. Dado que o excesso de azoto pode levar ao rachamento do fruto ,a relação N/K2O deve ser na proporção 1:3 (Farré,J.M.).

Pela análise do solo pode-se averiguar das disponibilidades destes nutrientes, de modo a poder-se satisfazer as necessidades da cultura e corrigir os valores da acidez, permitindo assim um adequado desenvolvimento das plantas e melhores produções.

No que diz respeito a matéria orgânica, esta cultura beneficia da sua aplicação, contribuindo não só para a manutenção da fertilidade do solo, mas também melhora a qualidade dos frutos e as suas características organoléticas.


COLHEITA E CONSERVAÇÃO DO FRUTO

anoneira2O momento ideal para a apanha do fruto da anoneira corresponde à passagem da cor verde da epiderme para um verde amarelado/pálido, atingindo nesta altura a maturação e apresentando as escamas mais lisas. A época de colheita na ilha de S. Miguel decorre de Outubro a Maio conforme a zona onde se desenvolve a cultura.

A anona é um fruto climatérico, correspondendo esta fase a um acastanhamento da pele, aumento da respiração e consequentemente dos sólidos solúveis (18 a 24 Graus Brix) levando ao amolecimento da polpa.

O Fruto da anoneira tem uma perecibilidade bastante elevada, com baixa tolerância a choques mecânicos e às baixas temperaturas, que provocam danos nos frutos.

Os frutos armazenados a temperaturas entre os 7 e os 12 graus centígrados, e a uma humidade relativa da ordem dos 80% amadurecem normalmente e desenvolvem boas qualidades organoléticas se o tempo de armazenagem não for excessivo, ou seja se for da ordem dos 12 a 15 dias de acordo com as variedades. A técnica do enceramento dos frutos permite reduzir os danos provocados pelo armazenamento a baixas temperaturas.

Os frutos da anoneira expostos à temperatura ambiente amadurecem num prazo de 5 a 10 dias após a colheita, dependendo da temperatura ambiente, estado de maturação do fruto e do valor da humidade relativa.

A variedade “Pinha Larga” de S. Miguel tem um Índice de Semente de menos de 10 (bom a excelente), com uma produção média de 50 kg por árvore.


PRINCIPAIS PRAGAS E DOENÇAS NA CULTURA DA ANONEIRA

anoneira pragasANTRACNOSE Colletotrichum gloeosporioides Penz   A partir das primeiras chuvas dos meses de Setembro e Outubro, com valores de humidade relativa elevados, o fungo da “Antracnose” desenvolve-se a partir dos frutos ainda pequenos, do tamanho de uma noz, provocando pequenas manchas castanhas escuras que vão aumentando com o aparecimento da doença, e provocando por vezes o fendilhamento e perda do fruto, atacando também as folhas. O controlo desta doença faz-se recorrendo à aplicação de fungicidas homologados e também retirando das árvores as “múmias “ do ano anterior que ficaram petrificadas e penduradas nos ramos, devendo ser queimadas, pois são receptáculos dos esporos do fungo.

FUNGOS DO SOLO  As raízes da planta da anoneira são atacadas por dois fungos difíceis de controlar: Phytophtora cinamomii, e Armillaria mellea. Estes fungos provocam graves prejuízos nas raízes das anoneiras levando por vezes à morte das plantas. Os solos muito pesados e com pouca drenagem favorecem estas doenças.

COCHONILHAS  As cochonilhas são insectos que por vezes causam alguns prejuízos nos frutos e folhas da anoneira. As espécies mais frequentes são a Pseudococcus citri Risso ou cochonilha algodoeira, e a lapa preta ou Saissetia nigra (Bern). Ao segregarem uma melada instala-se posteriormente um fungo a “fumagina” (Fumago spp.) que desenvolve a ferrugem ou cinza, provocando prejuízos e desvalorizando comercialmente os frutos atacados. Estas pragas aparecem durante todo o ano, com maior incidência no período Outono/ Primavera, com condições favoráveis de temperatura e humidade. As caldas oleosas associadas às formulações de cobre ajudam a controlar estas pragas e doenças.

AS PRINCIPAIS DOENÇAS APÓS COLHEITA DOS FRUTOS
Após a colheita dos frutos alguns fungos patogénicos atacam os frutos, provocando a destruição da polpa e ficando impróprios para o consumo e comercialização. Os agentes patogénicos mais importantes são: Botrytis cinerea Pers.; Phomopsis vexans Harter.; Rhizopus stolonifer Lind.; Penicillium expansum Thom.; e a Alternaria Spp..

Estes fungos penetram por feridas abertas nos frutos, dando origem a podridões húmidas e de consistência mole. Estas podridões evoluem à medida que a temperatura aumenta. Dado não ser possível prevenir estas doenças com o recurso a temperaturas muito baixas, podem ser evitadas com o recurso a tratamentos por imersão em soluções fungicidas.


 


OUTRAS CARACTERÍSTICAS E  USOS

Na Madeira é uma fruta com denominação de origem protegida (“Anona da Madeira”) desde o ano 2000, com uma produção anual de 850 toneladas. Na medicina popular dos Açores o chá das folhas da anoneira serve para combater os níveis do colesterol alto e ácido úrico, aparentemente com excelente eficácia.

No México, a população rural tosta e descasca uma ou duas sementes, misturando o pó com água ou leite para tomar como um potente emético e catártico. Misturado com óleo, o pó é usado para matar piolhos e é aplicado em doenças de pele parasitárias. Uma decocção da pele do fruto é usada para aliviar a pneumonia.

A semente pode ser extremamente venenosa. É usada como insecticida.

O fruto pode ser fermentado para produzir uma bebida alcoólica (contém 13 gramas de açúcar por 100 gramas de fruto). Diversas pesquisas sugerem utilização anticancerígena. A decocção da casca é usada como um tónico e um remédio para diarréia. A raiz é mastigada para aliviar dor de dentes e uma decocção da raiz é utilizada para tratar a febre. A decocção das folhas é usada para tratar vermes e para tingir cabedal.

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Engº Moniz da Ponte, 2010

abacate1 0O abacateiro (Persea americana Mill.) é uma fruteira tropical da família das LAURACEAE, originaria da América Central ( México, Guatemala, Panamá e Antilhas), tendo sido disseminado por várias regiões do globo pelos navegadores Espanhóis.

O abacateiro encontra-se actualmente espalhado pela maior parte dos países das zonas tropicais e sub-tropicais, assim como nos países de clima mediterrâneo. Em Portugal cultiva-se nas regiões do Algarve, Madeira e Açores.

A planta do abacateiro tem preferência por um clima com inverno suave, humidade atmosférica ligeira a alta e com ausência de geadas, não suportando ventos muito fortes, exigindo neste caso protecção adequada, como por exemplo de sebes vivas.

Prefere solos com Ph  entre 6  e  7, profundos, permeáveis, ricos em matéria orgânica e com boa retenção para a água. A planta do abacateiro possui um porte médio a elevado, de folhas persistentes, com crescimento rápido, variando a copa consoante as variedades cultivadas.

Escalonamento da colheita de frutos das principais variedades
Variedade/mês Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
BACON x x x
FUERT x x x
HASS x x x x x x
PINKERTON x x x x
REED x x x x x
DUKE x x x
NOWEL x x x
TOPA TOPA X x x x

O fruto do abacateiro é uma drupa (fruto que tem um só caroço) designada por abacate ou pêra-abacate. A sua polpa é comestível, rica em gorduras monoinsaturadas semelhantes às contidas no azeite, podendo apresentar diversas formas, cor e tamanhos comforme as variedades.

O fruto contém uma semente esférica composta por dois cotilédones. As flores do abacateiro são abundantes e estão reunidas em inflorescências axilares e paniculares.

As diversas variedades de abacateiro existentes actualmente, estão referenciadas em dois grupos distintos:

Grupo A – abrem as suas flores pela manhã, apresentando-se o órgão feminino apto para ser fecundado, mas não descarregam o seu pólen; depois abrem as suas flores, pela segunda vez na tarde do dia seguinte, e então descarregam pólen, mas já não há receptividade do órgão feminino;

Grupo B – abrem as suas flores pela primeira vez à tarde e segunda vez pela manhã, no dia seguinte. Na primeira abertura o pistilo (órgão feminino) está apto a ser fecundado, mas não há pólen, que só começa a cair na segunda abertura das flores.

Assim, os pistilos das flores dos abacateiros do grupo A apenas poderão receber pólen das flores dos abacateiros do grupo B, enquanto que os pistilos do grupo B só serão fecundados por pólen proveniente de flores de plantas de abacateiros do grupo A.

Devido a esta particularidade das flores da planta do abacateiro, existe a necessidade de se plantarem variedades que se polinizem entre si, contribuindo para tal os insectos polinizadores, em particular as abelhas.

As principais variedades de abacateiros que têm tido melhor adaptação e produção nos Açores são as seguintes:

Grupo A- “Hass”; “Reed”; “Nowels”; “Topatopa”; “Pinkerton” e  “Duke”;

Grupo B –“Bacon”; “Nabal”; “Fuerte “e “Zutano”.

avocado chart
Da esquerda para a direita: Bacon, Fuerte, Gwen, Hass, Lamb Hass, Pinkerton, Reed, Zutano

As épocas de maturação e colheita dos frutos do abacateiro variam de acordo com as diferentes variedades instaladas no pomar. Os compassos de plantação mais adequados aos abacateiros são em quadrado 6mx6m; 7mx7m ou 8mx8, dependendo do tipo de solo e exposição do terreno.

O sistema de condução mais utilizado é o vaso, mas em eixo central também pode ser utilizada.

Relativamente a podas e sistemas de condução, deverão ser os mais adequados ao desenvolvimento de uma copa o mais baixo possível, evitando-se assim expor as árvores à acção dos ventos fortes, muito prejudiciais ao abacateiro.

PROPAGAÇÃO DO ABACATEIRO
É importante efectuar a enxertia das diferentes variedades em porta-enxertos resistentes ao Phytophthora cinnamomi Rands (Duke, Topa e Nowell, pois este fungo pode provocar enormes prejuízos nos abacateiros, podendo mesmo resultar na sua morte. Os tipos de enxertia mais utilizados são a fenda cheia, fenda de encosto e a borbulha.


AS PRINCIPAIS DOENÇAS E PRAGAS
As principais doenças que afectam os abacateiros são a Podridão das raízes (Armillaria mellea e Phytophthora cinnamomi). As pragas mais importantes  são os Thrips, Pulgões/Afídeos, Ácaros e Cochonilhas.

Os frutos após colheita podem ser atacados por várias micoses, que podem ser controladas por produtos fitofarmacêuticos homologados no âmbito dos Usos Menores ou os homologados em Agricultura Biológica. Pode também ser utilizada a água quente (55ºC).

 


OUTRAS INFORMAÇÕES: O abacate é um fruto (tecnicamente é um fruto, embora seja muito utilizado como se fosse legume) dos mais famosos do mundo pelas suas vantagens para a saúde, nomeadamente por ser bom para o coração (reduz os níveis de colesterol total significativamente, triglicérides no sangue até 20 %, o colesterol LDL até 22 % e aumenta o HDL – o “bom” colesterol – até 11%). É a base do famoso “Guacamole”.

Estes são alguns dos nutrientes mais abundantes, por  100 gramas, em percentagem da dose diária recomendada: Vitamina K: 26 %; Vitamina C: 17 %; Potássio: 14 %; Vitamina B5: 14 %; Vitamina B6: 13 %; Vitamina E: 10 %. Contém ainda pequenas quantidades de magnésio, manganês, cobre, ferro, zinco, fósforo , vitamina A, B1 (tiamina), B2 (riboflavina) e B3 (niacina). Contém 160 calorias, 2 gramas de proteína e 15 gramas de gorduras saudáveis . Embora contenha 9 gramas de carboridratos, 7 são de fibra. Não contém colesterol ou sódio.

Mas também é famoso ao nível cosmético, sendo a base de inúmeros produtos para o cabelo e a pele. Usa-se fatias da polpa sobre os olhos para reduzir as “olheiras” (20 minutos); como máscara hidratante para o cabelo( receita: misture um abacate maduro com 1 colher de chá azeite extra-virgem e de manteiga derretida até ficar homogéneo; aplicar com moderação para raízes e pontas, deixando por 30 minutos e enxaguar completamente); como máscara esfoliante (receita: misturar um abacate, uma clara de ovo, duas colheres de sopa de farinha de aveia e uma colher de chá de sumo de limão; aplicar generosamente na cara, por 15 a 20 minutos, depois lavar com água morna; fazer duas vezes por semana).

Há estudos que sugerem que tem características de antibiótico natural e benefícios antifúngicos; tem uma variedade de fitoquímicos antioxidantes, incluindo flavonóis e proantocianidinas e por isso é antioxidante, podendo ser usado para prevenir a deterioração de alimentos. Pode proteger contra a formação de placa arterial. É usado como corante alimentar – um pigmento laranja que se forma quando a semente de abacate é esmagada. 

semente seca e moída pode ser usada como infusão. A semente é utilizada como shampôo que alegadamente reduz os cabelos brancos (Receita: Lave e seque 3 sementes; ralar; adicionar 6 xícaras de água e deixe ferver durante 30 minutos; combinar esta infusão com 60 ml de shampoo natural).

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

podasPodar vem do latim putare, que significa limpar, derramar. “É o conjunto de cortes executados numa árvore, com o fim de lhe regularizar a produção, aumentar e melhorar os frutos, mantendo o completo equilíbrio entre a frutificação e a  vegetação normal, e, também com o fim de ajudar a tomar e a conservar a forma própria da sua natureza, ou mesmo de a sujeitar a formas consentâneas ao propósitos econômicos de sua exploração” (Joaquim Rasteiro, citado por Inglez de Souza, 1986).

Embora seja praticada para dirigir a árvore segundo o capricho do homem, a utilização da poda, em fruticultura, tem por objetivo regularizar a produção e melhorar a qualidade dos frutos, embora possa ter apenas função estética, no embelezamento de relvados, cercas vivas, caramanchões, arvoretas e outros elementos da arquitetura paisagista.
É o conjunto de cortes executados numa árvore, com o objetivo de regularizar a produção, aumentar e melhorar os frutos, mantendo o completo equilíbrio entre a frutificação e a vegetação normal; é a técnica e a arte de modificar o crescimento natural das plantas frutíferas, com o objetivo de estabelecer o equilíbrio entre a vegetação e a frutificação; e é a remoção metódica das partes de uma planta, com o objetivo de melhorá-la em algum aspecto de interesse do fruticultor.
Mas a poda por si só não resolve outros problemas ligados à produtividade. Ela é uma das operações, mas outras medidas são necessárias, tais como a fertilização adequada para corrigir possíveis deficiências nutricionais do solo, irrigação e drenagem para manter um nível adequado de umidade, controle fitossanitário para combate de doenças e pragas, afinidade entre enxerto e porta-enxerto, plantas auto-férteis ou compatíveis, polinização, condições climáticas e edáficas favoráveis.
A importância de se podar varia de espécie para espécie, e o que poderá ser decisivo para uma, para outra é praticamente dispensável. Com relação à importância, as espécies podem ser agrupadas em:

- Decisiva: Videira, pessegueiro, figueira, nespereira.
- Relativa: Pereira, macieira, caquizeiro, oliveira.
- Pouca importância: Citrinos, abacateiro, mangueira, nogueira.

Como regra geral para se saber se a poda é uma operação importante ou não, pode-se estabelecer que ela é tanto mais necessária quanto mais intensiva for a exploração frutícola e, inversamente, menor a sua importância quanto mais extensiva for a cultura (Inglez de Souza, 1986). Esta importância da poda está também diretamente relacionada com o objetivo da exploração, ou seja, que tipo de produto o mercado exige; pois com a poda pode-se melhorar o tamanho e a qualidade dos frutos.
O podador, deverá fazer uso de seus conhecimentos e habilidades, onde um gesto seguro reflete a convicção de quem acredita que a interferência humana é imprescindível para modelar um pomar. Na natureza, as plantas crescem sem qualquer modelamento, buscam sempre a tendência natural de crescerem em direção à luz, tomando a forma vertical, e com isso perdem a regularidade de produção.
Para que a poda produza os resultados esperados, é importante que seja executada levando-se em consideração a fisiologia e a biologia da planta e seja aplicada com moderação e oportunidade.

 


 

OBJETIVOS DA PODA
Segundo Inglez de Souza, 1986, os sete objetivos principais da poda são:

1º- Modificar o vigor da planta;
2º- Produzir mais e melhor fruta;
3º- Manter a planta com um porte conveniente ao seu trato e manuseio;
4º- Modificar a tendência da planta em produzir mais ramos vegetativos que frutíferos ou vice-versa;
5º- Conduzir a planta a uma forma desejada;
6º- Suprimir ramos supérfluos, inconvenientes, doentes e mortos;
7º- Regular a alternância das safras, de modo a obter anualmente colheitas médias com regularidade.

Por que é necessário o recurso da poda? Não é verdade que, no seu estado selvagem, as plantas não são podadas e, apesar disso, desenvolvem-se em perfeitas condições? Esta pergunta é formulada muitas vezes, mas, de facto, a natureza tem o seu próprio método de poda. Os ramos pequenos desprendem-se naturalmente e os galhos finos, as folhas e as flores morrem e caem. Vagarosa mas continuamente, todas as plantas sofrem um processo de renovação natural. Pela poda não fazemos mais do que acelerar, embora parcialmente esse processo normal (Brickell, 1979).

 


 

PRINCÍPIOS FISIOLÓGICOS
O conhecimento de algumas regras sobre a fisiologia vegetal auxilia em muito o podador. Ele fica sabendo por que se poda, o que se pode e quando se poda.
Os vegetais nutrem-se por meio de suas raízes, que retiram do solo sais minerais e água, necessários para o seu desenvolvimento e frutificação. A absorção determina uma pressão de baixo para cima. A seiva também pode ter a sua ascendência ligada à transpiração, pela ação da capilaridade, pela osmose, etc.
A poda não é uma ação unilateral. Ela vai ensinando quem a está praticando. Mas, para isso é preciso respeitar seu ritmo, entender e conhecer a sua fisiologia, saber qual é o momento certo da intervenção. A poda baseia-se em princípios de fisiologia vegetal, princípios fundamentais que regem a vida das fruteiras. Um desses princípios mais importantes é a relação inversa que existe entre o vigor e a produtividade. O excesso de vegetação reduz a quantidade de frutos, e o excesso de frutos é prejudicial à qualidade da colheita. Assim conseguimos entender que a poda visa justamente estabelecer um equilíbrio entre esses extremos. Mas deve ser efetuada com extremo cuidado. Se efetuada no momento impróprio, ou de forma incorreta, a poda pode gerar uma explosão vegetativa muito grande, causando um problema ainda maior para o produtor.
Baseando-se na hidráulica vegetal, estabelecem-se leis nas quais se baseiam as podas das plantas:
1) O vigor e a fertilidade de uma planta dependem, em grande parte, das condições climáticas e edáficas.
2) O vigor de uma árvore, como um todo, depende da circulação da seiva em todas as suas partes.
3) Há uma relação íntima entre o desenvolvimento da copa e o sistema radicular. Esse equilíbrio afeta o vigor e a longevidade das plantas.
4) A circulação rápida da seiva tende a favorecer o desenvolvimento vegetativo, enquanto a lenta favorece o desenvolvimento dos ramos frutíferos.
5) A seiva, devido à fotossíntese, tende a dirigir-se para os ramos mais expostos à luz, em vez de se dirigir àqueles submetidos à sombra.
6) As folhas são órgãos que realizam a síntese das substâncias minerais, e a sua redução debilita o vegetal.
7) Há espécies que só frutificam em ramos formados anualmente, e outras produzem durante vários anos nos mesmos ramos.
8) O aumento do diâmetro do tronco está em relação inversa com a intensidade da poda.
9)  O vigor das gemas depende da sua posição e do seu número nos ramos.
10) Quanto mais severa a poda num ramo, maior é o seu vigor.
11) A poda drástica retarda a frutificação. As funções reprodutivas e vegetativas são antagónicas.

A circulação da seiva é tanto mais intensa quanto mais rectilíneo for o ramo e quanto mais vertical for a sua posição na copa. Quanto mais intensa essa circulação, mais gemas se desenvolverão em produções vigorosas de lenho e, ao contrário, quanto mais embaraçada e mais lenta essa circulação da seiva, maior será a acumulação de reservas e, consequentemente, maior o número de gemas que se transformarão em botões floríferos.
Cortada uma parte da planta, a seiva refluirá para as remanescentes, aumentando-lhes o vigor vegetativo. Assim, poda curta resulta sempre em ramos vigorosos, nos quais a seiva circulará com grande intensidade. As podas severas, portanto, têm geralmente a tendência de provocar desenvolvimentos vegetativos, retardando a entrada da planta em frutificação.
Diminuída a intensidade de circulação da seiva que ocorre após a maturação dos frutos, verifica-se uma correspondente maturação dos ramos e das folhas. Nesse período acumulam-se grandes reservas nutritivas, que são utilizadas para transformar as gemas foliares em frutíferas.
A frutificação é uma consequência da acumulação de carboidratos. Essa acumulação é maior nos ramos novos do que nos velhos, nos finos do que nos grossos.
Dos objetivos enunciados, pode-se concluir que as plantas frutíferas necessitam de modalidades bem diversas de poda, perfeitamente distintas umas das outras, de conformidade com a função que cada uma exerce sobre a economia da planta. A poda acompanha a planta desde a sua infância até a sua decrepitude. É, pois, natural que vá tendo diferentes funções, adequadas cada uma às diferentes necessidades da planta, que por sua vez variam com a idade. Podemos distinguir quatro modalidades principais de poda:

 



TIPOS DE PODA
1ª: PODA DE FORMAÇÃO
poda 1Tem por fim proporcionar à planta uma altura de tronco (do solo às primeiras ramificações da copa) e uma estrutura de ramos adequados à exploração frutícola. Se a poda de formação for correta, a copa dispor-se-á com harmonia, simetricamente, proporcionando uma distribuição equilibrada da frutificação, com arejamento e iluminação convenientes.
 Pode-se chamar a poda de formação de “condução da planta”, podendo ser considerada como uma poda de educação, sendo executada normalmente no viveiro, com o objetivo de formar mudas com porte, altura e brotações bem distribuídas. Podendo formar mudas em haste única, comum em macieira e pereira, onde todas as brotações laterais são eliminadas no viveiro. Já em mudas que formam uma copa maior como as cítricas ou goiabeira,  na formação da muda a copa é distribuída no tronco em três a quatro brotações espaçadas entre si em 3 a 5 cm.
Existe também a poda realizada por ocasião do transplante (desplantio) antes da muda ser levada para o plantio definitivo, denominada de poda de transplantação, que se faz eliminando as brotações excessivas e, de acordo com a espécie e a forma de copa que se deseja, deixa-se três a quatro ramos bem distribuídos e fazendo o desponte de ramos longos, com o cuidado de executar o corte deixando uma gema vegetativa voltada para fora da copa inicial. Cortam-se também as raízes muito longas, quebradas e tortas, buscando o equilíbrio entre a copa e o sistema radicular.
A poda de formação propriamente dita será executada após o estabelecimento da fruteira no campo. É executada nos primeiros anos de vida da planta. Visa garantir uma estrutura forte e equilibrada, com ramos bem distribuídos, para sustentar as safras e facilitar o manejo e a colheita. Normalmente conduz-se a planta com três ou quatro pernadas formadas, desbrotadas até a planta atingir um metro de altura, permitindo daí em diante que as brotações das gemas laterais preencham os vazios da copa, assumindo assim a forma de copa desejada para cada espécie frutífera em particular.
As formas das árvores podem ser naturais ou artificiais. As naturais têm o seu emprego nas espécies de folhas persistentes (citros, mangas, abacates, cajus, etc.) quando praticamente não há necessidade de intervenção do homem, devido ao hábito de vegetação e frutificação dessas plantas. Porém, as espécies de folhas caducas, dada a formação das suas gemas frutíferas, exigem podas anuais para maior rendimento. Essas plantas adquirem, portanto, por meio de podas constantes, formas artificiais.
As formas artificiais são divididas em haste apoiada e de haste livre.
As hastes livres são utilizadas para os vegetais que sustentam por si só a sua copa, e as apoiadas quando há necessidade de se tutorar a planta para que ela adquira uma forma compatível com o tipo de exploração, como por exemplo a videira.
As formas apoiadas podem ser conduzidas em cordões ou palmetas. poda fig2
Na condução em cordões, as plantas são apoiadas sobre paliçada, latada ou cerca.
As principais formas de cordão são: vertical, oblíqua e horizontal.
Palmeta é a forma de condução da planta de modo que os ramos sejam distribuídos opostamente em série, de dois em dois.
A condução em palmeta pode ser de diversos tipos: U simples, U duplo, candelabro, verrier, ramos horizontais e ramos oblíquos.
As formas em haste livre podem apresentar os seguintes tipos: pirâmide, fuso, vaso e guia modificado.
O emprego de um ou outro tipo, quanto ao porte, depende da finalidade e também dos agentes externos, como vento por exemplo.
A forma de vaso é bastante simples e a que menos contraria os hábitos da planta.

 

 



2ª: PODA DE FRUTIFICAÇÃO
A poda de frutificação é iniciada após a copa da planta encontrar-se formada. Tem por fim regularizar e melhorar a frutificação, quer refreando o excesso de vegetação da planta, quer pelo contrário, reduzindo os ramos frutíferos, para que haja maior intensidade de vegetação, evitando-se, dessa maneira, a superprodução da planta, que abaixa a qualidade da fruta e acarreta a decadência rápida das árvores. Desse modo, a poda de frutificação é a controladora da produção, uniformizando-a, regularizando-a, dando-lhe mais qualidade e mais consistência. Geralmente as plantas de clima temperado necessitam deste tipo de poda, dentre elas pode-se citar: figueira, macieira, marmeleiro, pessegueiro, videira, entre outras fruteiras.

 

 


 

3ª: PODA DE REJUVENESCIMENTO, REGENERAÇÃO E TRATAMENTO
Tem por fim livrar as plantas frutíferas dos seus ramos doentes, praguejados, improdutivos e decrépitos ou, se mais energicamente executada, reformar inteiramente a copa, renovando-a a partir das ramificações principais, eliminando focos de doenças e de pragas, reconstituindo a ramagem já estéril, reativando assim a produtividade perdida. Esse tipo de poda radical é frequentemente usado no transplante de grandes árvores frutíferas adultas e no rejuvenescimento de pomares abandonados, mas de vigor ainda razoável, apresentando troncos íntegros. É ainda o tipo de poda que se aplica às fruteiras intensamente parasitadas por brocas, cochonilhas, ervas-de-passarinho, algas, fungos, ácaros e outras pragas e moléstias da parte aérea, mas cuja eliminação se justifique, por se tratar de plantas de valor. Normalmente, são cortadas as pernadas principais, a 40 cm do solo e com isso, deve-se iniciar o processo de formação da planta novamente. Esses cortes são maiores no inverno, e logo após, recomenda-se a aplicação de uma pasta fungicida, normalmente cúprica, no local do corte o que facilita a cicatrização e minimiza o efeito do ataque de fungos.

 


 

4ª: PODA DE LIMPEZA
É uma poda leve, quase simples visita geral a que anualmente se procede nos pomares, com a tesoura de poda em punho, consistindo na retirada de um eventual ramo doente, quebrado, seco, praguejado, mal localizado ou inconveniente. É poda sumária, aplicada às plantas adultas daquelas frutíferas que requerem pouca poda, como laranjeiras, abacateiros, jabuticabeiras, mangueiras e outras tropicais. Geralmente, todas as fruteiras necessitam deste tipo de poda. É um tipo de poda executada normalmente em períodos de baixa atividade fisiológica da planta, ou seja, durante o inverno ou, como nas cítricas, logo após a colheita.
Após a poda de limpeza, geralmente faz-se um tratamento químico (normalmente cúprico) das partes cortadas para reduzir a aparecimento de doenças.

 


 

INTENSIDADE DA PODA
A intensidade da poda depende da espécie, da idade, do número de pernadas/ramificações existentes, do sistema de condução da planta, do vigor, do hábito de vegetação.Em relação à intensidade, a poda pode ser curta, média ou longa.
A poda curta ou drástica consiste na quase total supressão do ramo. Pode-se praticar ainda a poda ultracurta, a qual deixa sobre o ramo uma a duas gemas. A longa, também chamada leve, deixa o ramo com o máximo de comprimento (0,40 a 0,60 m). A poda média é um tipo intermediário entre os dois anteriores. Dependendo da espécie frutífera, uma mesma árvore, pode receber simultaneamente os três tipos de podas, dependendo do vigor, da posição e da sanidade dos ramos.

 


 

ÉPOCA DA PODA
Basicamente, a poda, pode ser executada em duas épocas: no inverno ou no verão.
Poda de inverno ou seca
A poda de inverno ou poda em seco é recomendada para frutíferas que perdem as folhas (caducifólias), como o pessegueiro, macieira, ameixeira, figueira. Mas o inverno é uma referência muito teórica e pode induzir alguns erros. Um bom momento para iniciar a poda é quando os primeiros botões florais surgirem nas pontas dos ramos, indicando que a seiva começou a circular de novo pela planta. Se a poda for feita antes, estimulará a brotação na hora errada. Se efetuada depois, forçará a brotação vegetativa, exigindo mais tarde uma nova poda.
Por ocasião da poda seca ou de inverno, deve-se considerar a localização do pomar, as condições climáticas e o perigo de geadas tardias antes da operação. A poda deve ser iniciada pelas cultivares precoces, passando para as de brotação normal e finalizando pelas tardias. Em regiões sujeitas a geadas tardias, deve-se atrasar o início da poda o máximo possível, até mesmo quando as plantas já apresentam uma considerável brotação, normalmente de ramos novos.
Deve ser praticada após a queda das folhas. Essa orientação tem por finalidade propiciar a acumulação de substâncias de reserva no tronco e nas raízes. Quando se poda antes da queda das folhas, parte das reservas de carboidratos é eliminada, com consequência na produtividade futura. Por outro lado, a poda executada após a brotação reduz o vigor da planta e os ramos ficam mais sujeitos a infecção.
A poda seca, praticada durante o período de repouso, elimina os ramos que já frutificaram nas espécies em que eles não tornam a frutificar. Elimina também os ramos ladrões ou vegetativos, doentes e em excesso.

Poda verde ou de verão
A poda verde ou de verão é realizada quando a planta está vegetando, ou seja, durante o período de vegetação, florescimento, frutificação e maturação dos frutos, e destina-se a arejar a copa, melhorar a insolação, melhorar a qualidade e a coloração dos frutos, manter a forma da copa pela supressão de partes da planta e diminuir a intensidade de cortes na poda de inverno. É também executada em plantas perenifólias (com folhas permanentes) como as cítricas, abacateiro, mangueira. A poda verde consiste em diferentes operações, tais como: desponte, desbrota, desfolha, esladroamento, incisões e anelamentos, desbaste, desnetamento.
Desponte tem por finalidade refrear o crescimento de determinados ramos em comprimento, de modo a propiciar o desenvolvimento de ramos inferiores.
Desbrota é a supressão de brotos laterais improdutivos, ou seja brotos inúteis, que se desenvolvem à custa das reservas, em detrimento do florescimento e da frutificação.
Esladroamento – os ramos que nascem da madeira velha (do porta-enxerto, por exemplo) são denominados de ramos ladrões, e não apresentam nenhuma vantagem, pois exaurem as substâncias nutritivas da planta, perturbando seu desenvolvimento. Devem ser eliminados. Só não o são quando as plantas se encontram em decrepitude e, neste caso particular, eles são utilizados para revigorar a árvore.
Desfolha é a supressão das folhas com diversas finalidades: melhor iluminação e arejamento das flores ou dos frutos, eliminação de focos de doenças e pragas iniciadas na folhagem, é um recurso que melhora a coloração de frutos, principalmente daquelas que recobrem os frutos, que necessitam de luz para adquirir coloração (pêra, maçã, ameixa e kiwi). Na videira, são as folhas próximas aos cachos as responsáveis pela qualidade dos frutos. Esta eliminação de folhas deve ser feita com bom senso, pois o abuso neste desfolhamento priva a planta de órgãos de elaboração de reservas de nutrição.
Incisões e anelamentos é o descasque circular, ou seja, remoção de um anel de casca da base dos ramos novos, que tem por finalidade interromper a descida e com isso a retenção da seiva elaborada próximo da sua gema ou do seu fruto. Quando praticados no início do florescimento, aumentam a fertilidade das flores e, na formação do frutos, melhoram as suas qualidades (tamanho, coloração e sabor). Deve-se operar com moderação, pois uma série de interrupções de seiva poderá causar um enfraquecimento do vegetal.
Desbaste é a supressão de certa quantidade de frutos de uma árvore, antes da maturação fisiológica destes, assim proporcionar melhor desenvolvimento aos frutos remanescentes. De entre as finalidades do desbaste pode-se citar: melhorar a qualidade dos frutos (tamanho, cor, sabor e sanidade); evitar a quebra de ramos (superprodução); regularizar a produção; eliminar focos de pragas e doenças; reduzir as despesas com colheita de frutos imprestáveis (defeituosos, raquíticos e doentes). Emprega-se normalmente o desbaste para o pessegueiro, a macieira, a pereira, a goiabeira, videira (uvas de mesa), etc., por estar o tamanho de seus frutos ligado a uma maior cotação e, em alguns casos, na tentativa de eliminar a produção alternada e manter a árvore com produção anual quase  idêntica. Esse processo pode ser praticado em mangueira, macieira e pereira. O desbaste é feito à mão quando o fruto ainda se encontra em desenvolvimento inicial e não atingiu 2 cm de diâmetro. Essa operação é altamente onerosa e cansativa, compensando, porém, os sacrifícios na sua realização. Algumas espécies apresentam uma estreita correlação entre número de folhas e qualidade do fruto. Assim, em pessegueiro, é boa a relação de 1 fruto para cada 15 ou 20 folhas e, na maçã, de 1 fruto para cada 30 ou 40 folhas.
Desnetamento é uma poda verde aplicada às videiras, consiste em aparar com a unha, ou simplesmente arrancar, os ramos secundários que nascem lateralmente do ramo principal e que são chamados de netos (Inglez de Souza, 1986).

 


 

PRINCÍPIOS QUE REGEM A PODA
Para a perfeita execução da poda, é necessário um conhecimento da posição, distribuição e função dos ramos e das gemas e circulação da seiva.
As raízes das fruteiras extraem do solo a água, contendo esta, em solução, os sais nutritivos que alimentarão a planta. Tal solução constitui a seiva bruta, que sobe pelos vasos condutores localizados no interior do tronco e se dirige até as folhas. Nestas e em presença de luz e perdendo água por transpiração, a seiva bruta passa por diversas transformações, tornando-se seiva elaborada.
A seiva circula pela planta toda, sempre fluindo para as partes mais altas e mais iluminadas da árvore, razão pela qual os galhos mais vigorosos são aqueles que conseguem posicionar-se melhor na copa e têm uma estrutura mais retilínea, o que favorece a circulação.  A seiva, circulando pela periferia da planta, alimenta todos os órgãos e determina o seu crescimento e evolução, tais como: o desenvolvimento das raízes, o crescimento dos brotos, aumento dos ramos, folhas, gemas e a frutificação. É por isso também que, o crescimento da planta tende sempre a se concentrar nas pontas dos ramos, o que se denomina de Dominância Apical. Quando eliminada, através da poda, ocorre uma melhor redistribuição da seiva, favorecendo a brotação lateral da gemas.
A circulação rápida da seiva tende a favorecer o desenvolvimento vegetativo, enquanto que a lenta, o desenvolvimento de ramos frutíferos. E essa circulação faz-se em função da estrutura da planta: quanto mais retilínea, mais rápida a seiva circulará.
No início do seu desenvolvimento, as fruteiras gastam toda a seiva elaborada no seu próprio crescimento. Porém, após um certo tempo, variável de espécie para espécie, a planta atinge um bom nível de desenvolvimento como: tronco forte, copa expandida e raízes amplas, a planta já fotossintetiza intensamente e começa a aparecer sobras de seiva elaborada, que serão armazenadas na planta, em forma de reservas. Quando essas reservas atingem uma suficiente quantidade, tem início a frutificação, pois as reservas de seiva elaborada são invertidas ou gastas na transformação das gemas vegetativas em gemas frutíferas, que darão as futuras flores e frutas. Com esse desvio para a frutificação, cessa quase completamente o crescimento das raízes e da copa.
Há um antagonismo entre a frutificação e a vegetação, ou seja, enquanto a planta desenvolve ativamente a sua expansão vegetativa (como acontece nos indivíduos novos) não há saldo de seiva elaborada para ser aplicado na frutificação, e o mesmo acontece quando há um grande gasto de reservas, como por exemplo num ano em que ocorre uma superprodução, pois assim a planta fica sem saldo de seiva elaborada para formar novas gemas de fruto no ano seguinte. A frutificação é então muito pequena; mas como as raízes continuam a absorver água e nutrientes e as folhas a fotossintetizar, começa a aparecer novo saldo de seiva elaborada, o qual, não tendo frutos para desenvolver, é aplicado em nova expansão das raízes e dos ramos. Esta expansão poderá resultar em novos saldos de seiva elaborada, que são armazenados nos locais de reserva, registando assim um superávit de seiva elaborada na planta, o que resulta num grande número de gemas vegetativas a serem transformada em gemas frutíferas, voltando a planta a produzir grande safra de fruto, ao mesmo tempo que vegeta modestamente.
Nas fruteiras de quintal, abandonadas, sem podas e sem cuidados, a alternância de anos de fruto com os de escassez é muito frequente. A poda pode regularizar esta anomalia, eliminando ramos frutíferos nos anos de frutificação excessiva, estimulando, deste modo, a expansão de crescimento vegetativos.


As plantas não sujeitas a podas apresentam duas importantes características:
1º) A planta alcança grande volume, porque a sua folhagem, sem sofrer restrição alguma, absorve grande quantidade de água e nutrientes (seiva bruta) e produz grande quantidade de seiva elaborada (fotoassimilados), a qual é alternativamente gasta em grande frutificação seguida de grande expansão do sistema radicular e da copa, essa expansão é apenas limitada pela conformação específica da planta e pelas condições ambientes (solo, clima, etc.);
2º) A planta atinge a máxima longevidade, pois a produção contínua de novas quantidades anuais de ramos, folhas e frutos, que as podas provocam, acaba por esgotar a planta, abreviando os seus dias, o que não se verifica nos indivíduos não podados.
Em contraposição, estes apresentam os inconvenientes seguintes:
a) Frutificação inconstante;
b) Fruta inferior, tanto em tamanho com em aspecto, pois a seiva que a faz desenvolver tem de ser distribuída por um grande número de frutos e ramos, o que não acontece nos pés podados;
c) Operações culturais mais difíceis, mais caras, devido à maior altura e o maior volume dos pés. O controle fitossanitário chega a ser praticamente impossível nos indivíduos de crescimento livre e a colheita é frequentemente antieconómica, pois a produção, além de ser de qualidade inferior, distribui-se nas pontas mais altas da ramagem.
Ao podador é indispensável saber que parte da planta está cortando, pois, de conformidade com cada planta em particular, há ramos cuja supressão é indispensável, mas outros existem cuja eliminação redundaria em grave prejuízo para a produção, porque encerram neles a própria safra de frutos dentro de suas gemas.

 


 

GEMAS
Vulgarmente chamadas de olhos, as gemas são em essência o princípio das folhas, flores e caules, envolto nas escamas corticais do tronco e dos ramos. São órgãos produtores de ramos e folhas (vegetativas) ou flores (floríferas ou frutíferas), que variam no aspecto, na forma, no tamanho e na distribuição, de espécie para espécie. Quanto à localização nos ramos, as gemas são ditas terminais ou axilares, conforme estão localizadas no ápice dos ramos ou na axila das folhas. É interessante observar que as gemas são formadas com a mesma estrutura. O que vai torná-las vegetativas ou frutíferas é o vigor do seu desenvolvimento, decorrente da quantidade de seiva que recebem. Como já foi dito a frutificação só tem início quando a planta já conseguiu armazenar uma determinada quantidade de reservas de seiva elaborada.
As gemas de folhas ou lenhosas distinguem-se das floríferas ou de frutos pela sua constituição interna e externa. Gemas mais vigorosas e mais pontiagudas irão se transformar em ramos vegetativos. As de frutos são quase sempre mais volumosa, de forma oval-alongada, e as de lenho são mais alongadas e afuniladas. As primeiras apresentam-se mais macias ao tato, e as últimas, mais ásperas.
Em princípio, gemas mais vigorosas e mais pontiagudas irão se transformar em ramos vegetativos. As floríferas, têm uma forma mais arredondada e devem ser preservadas. As gemas podem ser naturais ou adventícias. As naturais são aquelas que surgem nos ramos normalmente segundo a tendência da planta, e as adventícias, as que emergem sob ação mecânica.
As gemas localizadas na parte superior dos ramos, brotam antecipadamente e com maior vigor que as laterais, prolongando o ramo devido à sua abertura lateral ser bem menor. Baseados nisso podemos dizer que ramos verticais tendem a ser mais vegetativos, e os inclinados, por onde a seiva circula de forma mais lenta, possuem maior potencial frutífero. A duração das gemas está intimamente relacionada com a biologia da planta e os tratos culturais. Há espécies em que as gemas não ultrapassam um ciclo vegetativo, e outras em que duram vários anos.
As podas dos anos anteriores têm muita influência sobre a formação das gemas, quer frutíferas quer vegetativas. Se as podas passadas foram severas, a planta foi privada de grande parte de sua copa e, portanto, pouca seiva bruta pôde ser transformada em seiva elaborada. Como consequência, espera-se muita vegetação e pouco florescimento. Ao contrário, se foram brandas as podas anteriores, é de se esperar que muita seiva bruta pôde ser transformada em seiva elaborada e que o afluxo desta contribuiu para a diferenciação de grande quantidade de gemas vegetativas em frutíferas.
Já pela poda do ano em si pouca coisa pode fazer o podador no sentido de aumentar a frutificação. Pode-se, entretanto, melhorar a produção do ano em qualidade e preparar a planta para maiores safras vindouras.

 


 

RAMOS
Ramos são ramificações oriundas de gemas. Segundo sua função, dividem-se em: ramos lenhosos (vegetativos), mistos e frutíferos.
Ramos lenhosos ou vegetativos Caracterizam-se pelo vigor, pelo aspecto da casca, normalmente lisa, e pelos internódios relativamente longos. Os ramos lenhosos, segundo sua origem e posição, podem dividir-se em adventícios e ladrões. Os ramos adventícios têm origem em causa mecânica como pancada, incisões, etc. Ramo ladrão é o ramo vegetativo, muito vigoroso, vertical, pouco ramificado e devem ser eliminados. Os ramos ladrões têm origem em gemas aparentes e podem ser classificados em naturais ou bravos, segundo a sua localização. Os naturais nascem das gemas do enxerto e os bravos de gemas do porta-enxerto. Os ramos recebem denominação particular, de acordo com a sua posição na árvore. Pernadas são as primeiras ramificações, que partem diretamente do tronco ou da haste. Destas surgem ramos que são denominados braços. As ramificações dos braços dizem-se genericamente ramos (Figura 2).

Ramos mistos Apresentam as funções de crescimento e produção, ou seja, apresentam ao mesmo tempo desenvolvimento vegetativo e exibem gemas frutíferas, quer no ramo do ano, quer no do anterior. Exemplos: pessegueiro, figueira, videira (Simão, 1998).

 Ramos frutíferos São apresentados  por algumas espécies, principalmente de folhas caducas, que possuem ramos de frutos especializados. Esses ramos são normalmente curtos e de aspecto corrugado. Se eliminarmos tais ramos, a planta só produzirá vegetação. As principais representantes dessa espécie são: pereira, macieira, ameixeira européia, cerejeira. Os ramos especializados originam-se, como os ramos todos, de uma gema vegetativa.
Os ramos frutíferos classificam-se em: dardos, esporões (lamburdas), bolsas e brindilas.
Dardos são os ramos pequenos, pontiagudos, com entrenós muito curtos. Desenvolvem-se lentamente e apresentam uma roseta de folhas nas extremidades.
Dá-se o nome de esporão simples ao dardo com gema terminal floral. Constitui ramo de fruto propriamente dito. O dardo com o tempo ramifica-se, dando origem a um esporão ramificado. Os esporões, devido ao desenvolvimento lento e à acumulação de substâncias de reserva, apresentam com o tempo, um engrossamento na extremidade, em forma de bolsa.
A passagem de dardo para esporão depende de um determinado equilíbrio na fisiologia da planta, entre a seiva bruta remetida pelas raízes e as substâncias elaboradas pelas folhas. Se esse equilíbrio é rompido graças à maior quantidade de seiva elaborada, muitos dardos serão “promovidos” a esporões.
As bolsas nada mais são do que um esporão com vários anos que alterou a sua forma externa e passou a receber essa denominação. Elas podem fixar vários frutos ao mesmo tempo. É uma parte curta, inchada, com enorme quantidade de substâncias nutritivas, que se formam no ponto de união da fruta colhida com o ramo. Pode dar origem a novas gemas florais, dardos, lamburdas, brindilas ou vários deles de cada vez.
Brindilas são ramos finos, com 3 a 5 mm de diâmetro e de 0,50 a 0,20 m de comprimento. Não apresentam importância econômica. Surgem em plantas mal podadas ou naquelas velhas e não tratadas. As brindilas apresentam uma pequena gema terminal e surgem na base das plantas sem os devidos cuidados culturais.
Nas pereiras e macieiras decrépitas, esgotadas e também, ao contrário, naquelas com vegetação luxuriante, as lamburdas são raras e os dardos abundantes.
Conforme a natureza dos ramos que possuem, as plantas frutíferas podem ser divididas em três grupos:
1º) Plantas com ramos especializados - são plantas que só dão fruta sobre ramos especiais. Os demais ramos dessas plantas só produzem brotos vegetativos e folhas. Esses ramos especializados são geralmente curtos e denominados esporões, em contraposição aos vegetativos, que são longos e vigorosos. Este é o caso das macieiras, pereiras, ameixeiras européias, cerejeiras, etc.;
2º) Plantas com ramos mistos - são plantas que além de frutificarem sobre esporões, frutificam também sobre ramos do ano anterior, ou seja apresentam ramos mistos, já que tais ramos tanto dão flores, e portanto frutos, como também crescimentos vegetativos. Exemplos: pessegueiros, ameixeiras japonesas, videiras e figueiras.
3º) Plantas em que as flores nascem sobre ramos da brotação nova - nestas plantas, o ramo frutífero ao invés de vir formado do inverno, nasce na primavera e floresce mais ou menos abundantemente, conforme as condições lhe são mais ou menos propícias. Exemplo: plantas cítricas em geral. Influências exercidas na planta cítrica apenas alguns meses, ou mesmo umas poucas semanas antes da nova brotação, podem determinar a abundância ou a escassez do seu florescimento.

 


 

INSTRUMENTOS UTILIZADOS PARA PODA
Não existe bom podador sem boa ferramenta, isto é, a apropriada, limpa,  afiada e lubrificada. Não considerando os casos especiais e raros, três ferramentas são indispensáveis ao podador: tesoura de poda, serrote de podar e a decotadeira. Porém inúmeros são os instrumentos e ferramentas utilizados na execução das diferentes modalidades de poda, até o machado, a foice e a serra grande ou tronçadeira podem, às vezes, entrar na relação das ferramentas do podador. Existem também instrumentos especializados como tesouras para desbaste de cachos de uva, alicate para incisão e anelamento, etc..
A tesoura de poda é a ferramenta típica do podador, servindo para os diversos tipos de poda. É empregada para corte de ramos com diâmetro de até meia polegada, além desse limite convém empregar o serrote de poda.

 



 
EXECUÇÃO DAS PODAS
Como foi visto, é importante antes de empunhar qualquer instrumento de poda conhecer bem a fruteira a ser podada, a sua fisiologia e o seu estado nutricional e sanitário, o objetivo da exploração, a época em que deve ser realizada a poda, que tipo de poda e em que intensidade deve ser praticada, para que se tenha êxito nessa operação.
A poda de um ramo pode ser por supressão, ou seja, pela eliminação desse ramo pela base ou rebaixamento, quando apenas se apara esse ramo em comprimento.
Na supressão de galhos grossos, feita naturalmente com o serrote, o corte deve ser bem rente à base do galho e bem inclinado.
Um corte ideal e preciso, realizado de uma só vez, deve observar uma inclinação de 45 graus aproximadamente, no sentido oposto ao da gema mais próxima, o que evita a acumulação de água, que poderia causar o apodrecimento do ramo e aparecimento de fungos. Por isso os cortes de espessura maior que 3,0 cm devem ser protegidos com pastas cicatrizantes à base de cobre.
Várias fruteiras requerem podas especiais (sejam de formação ou de frutificação) como por exemplo: Videira; Pessegueiro; Figueira; entre várias outras.

 

Salvar

Salvar

Salvar

macaEstas espécies já foram identificadas em algumas ilhas do arquipélago em diversas obras do passado. Neste momento são poucas as espécies que são aproveitadas como produção sustentável.

De igual modo, não é garantido que todas as espécies ainda existam nas ilhas ou que sejam propagadas.

Esta informação serve sobretudo para identificar espécies de fruteiras que já deram provas de vingarem bem nos Açores no passado.

 

Variriedades de Fruteiras já identificadas nos Açores
LARANJEIRAS   PESSEGUEIROS   AMEIXIEIRAS
Laranja Califórnia Pêssego amarelo dureiro e molar Ameixeiras
Laranja prata Pêssego branco dureiro e molar Ameixa branca
Laranja selecta serôdia Ameixa de Santa Rosa
Laranja selecta temporã MACIEIRAS Ameixa de São João
Laranja selecta de Maio Maçã abelheira Ameixa miúda
Laranja valência late Maçã achatada Ameixa rosa
Laranja vermelha Maçã ácida Ameixa vermelha
Laranja da terra Maçã amarela rosada
Laranja de umbigo ou Maçã amarela BANANEIRAS
Baía Maçã americana Banana da terra
Laranjeira azeda Maçã azeda Banana prata
Maçã branca das Furnas Banana regional ou pequena anã
LIMOEIROS Maçã branca grada
Limão branco regional Maçã branca mole PEREIRAS
Limão galego Maçã branca Pêro abelheira
Limão Lisboa Maçã calhau Pêro amarelo
Limão Vila Franca Maçã capela Pêro azedo grado
Maçã cheínha Pêro azedo
OUTROS CITRINOS Maçã coelha Pêro branco
Clementina Maçã cortiça Pêro branco (chocalha pevide)
Lima ácida Maçã da terra Pêro bravo da Terceira
Lima doce Maçã da Vila Nova Pêro doce esverdeado
Mandarina regional carvalhal Maçã das Furnas Pêro doce rajado
Mandarina da terra Maçã de Agosto ou das Bandeiras Pêro doce verde raiado de vermelho
Tangerina regional setubalense Maçã de Inverno Pêro doce vermelho grado
Maçã de Santa Luzia Pêro doce vermelho
CASTANHEIROS Maçã de São João Pêro doce
Castanha bicuda pequena Maçã de São Miguel Pêro esmarte
Castanha bicuda Maçã desconhecida Pêro inglês
Castanha brava Maçã desmarte Pêro italiano
Castanha de Agosto Maçã do Natal Pêro malápio branco
Castanha de São Martinho Maçã do Pico Pêro malápio rosa
Castanha desconhecida Maçã do tio Mariano Pêro malápio vermelho
Castanha germana Maçã doce Pêro malápio
Castanha grada Maçã Gaspar Pêra do Manuel Caetano
Castanha japonesa Maçã gravineza Pêra do Nordeste
Castanha miúda Maçã marmelo Pêra do Pico da Urze
Castanha mulata grada Maçã miúda Pêra formiga
Castanha mulata miúda Maçã negra Pêra grada
Castanha mulata Maçã parda Pêra Lawson ou São João
Castanha preta grada Maçã parecida à reineta Pêra miúda
Castanha uma só Maçã pato Pêra Morettini
Castanha Viana grada Maçã pé de marmelo Pêra mulata
Castanha Viana miúda Maçã pêra Pêra papo de pintassilgo
Castanha Viana Maçã pêro farinhento Pêra perdiz
Maçã pêro suculento Pêra rocha
FIGUEIRAS Maçã picarota Pêra vermelha
Figueira de figo doce dos Altares Maçã rabogil ou barbilho Pêro marmelo
Figueira de figo roxo c/ riscas verdes Maçã rajada Pêro rajado da Salga
Figueira de figo vindimo Maçã rajada (mais tardia) Pêro rajado
Figueira de pé comprido Maçã reineta gravineza de Agosto Pêro rajado ou da Agualva
Figueira do Brasil Maçã reineta gravineza Pêro riscado
Figueira do Porto Martins Maçã reineta parda Pêro rosado
Figueira pata de elefante Maçã reineta rajada Pêro vermelho grado
Figueira pingo de mel Maçã reineta verde Pêro vermelho
Figueira preta Maçã reineta vinhates Pêro vime
Maçã reineta Pêro viúva-alegre
OUTRAS FRUTEIRAS Maçã riscada Pêra arredondada
Anoneiras Maçã três mil dólares Pêra baguinho
Araçaleiros Maçã três-em-prato Pêra banana
Cafezeiros Maçã verde Pêra cabaça
Goiabeiras Maçã vermelha escura Pêra de Agosto
Maracujaleiros Maçã vermelha grada Pêra de Setembro
Nespereiras Maçã vermelha miúda Pêra desconhecida
  Maçã vermelha rajada  
  Maçã vermelha  
  Maçã Vieira  

 

 

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

buxoUm estudo publicado na revista Arquipélago, da Universidade dos Açores (OLIVEIRA, J.N.B. (1985), "Espécies vegetais usadas nos Açores na formação de sebes", “Arquipélago, Série Ciências da Natureza”, 6: 71-79), da autoria de José Norberto Brandão Oliveira, refere as principais espécies e características dos abrigos encontrados nos Açores.

O autor refere que se aceita “como certo que a experiência adquirida pelos agricultores ao longo das gerações levou à selecção das espécies mais indicadas para este ou aquele caso.

Assim e numa panorâmica muito geral, em sebes localizadas não muito junto ao mar e para pomares, as três espécies mais usadas são. o incenso, a bâncsia e a faia; em parcelas mais próximas da costa utilizam-se muito a cana vulgar e o metrosídero; em parcelas de altitude, onde a pastagem é quase exclusiva, predominam as sebes de criptoméria e hortênsias (urze, em S. Jorge). Em parcelas muito junto à costa o critério de selecção usado foi sobretudo o grau de resistência das espécies aos ventos carregados de salinidade. Onde estas condições não se faziam sentir (mais para o interior) seguiram-se sobretudo os seguintes parâmetros: 1) rapidez de crescimento e vigor; 2) densidade da folhagem e sua persistência (as espécies caducifólias apenas são usadas em sebes mistas); 3) profundidade de enraizamento e facilidade de propagação; 4) maleabilidade à poda e o facto de poderem ou não ser portadoras de doenças ou insectos prejudiciais às culturas que abrigam”.

 

SEBES ALTAS DE PROTECÇÃO DE FRUTÍCOLAS
Incluem-se neste grupo todas as sebes perfeitamente organizadas, em geral bastante altas (entre 2 e 5 metros) e sujeitas a cortes periódicos. Servem para protecção de pomares contra a agressividade dos ventos. O seu uso é de tal modo imprescindível e está tão generalizado que é impossível encontrar no arquipélago um pomar ou bananal que não esteja protegido. As principais culturas frutícolas protegidas são: a bananeira anã (Musa acuminata Colla «Dwarf Cavendish», syn. Musa cavendishi Lamb.); a laranjeira, Citrus sinensis (L.) Osbeck; o limoeiro, C. limon L.; a tangerineira, C. deliciosa Ten.; a mandarineira, C. nobilis L.; a macieira ou pereiro como é conhecido localmente, Malus domestica Borkh.; a pereira, Pyrus communis L.; e com menor expressão, a ameixeira, Prunus domestica L. e o pessegueiro P. pérsica (L.) Batsch.
As principais espécies que extremes ou em consociação formam este tipo de sebes, relativamente abundantes por todo o arquipélago são, por ordem decrescente de importância:


Pittosporum undulatum Vent.— Incenso ou pitosporo. Espécie de origem Australiana, foi introduzida no arquipélago, precisamente para a constituição de sebes, há mais de 150 anos. Hoje encontra-se perfeitamente naturalizada em todas as ilhas, entre 0 a 60 metros de altitude, não sendo todavia muito resistente ao «salgado».

Banksia integrifolia L. — Bânceia ou cigarrilheíra. Espécie bastante resistente e de crescimento bastante rápido.

Myrica faya Ait. — Faia ou Faia da Terra. É um endemismo macaroneso-hispânico. Ocorre era todas as ilhas e foi outrora a espécie mais utilizada para formar sebes para protecção de citrinos, quando nos Açores esta cultura tinha uma enorme dimensão. Actualmente o seu uso está em franca decadência.

Metrosideros robusta Cun. — Metrosídero. Espécie introduzida, que se mostrou ao longo dos tempos excelente para sebes do litoral, situadas junto ao mar, pois resiste muito bem ao «salgado» ou «rocio»,


E com muito menor frequência, geralmente nunca estremes, e apenas em algumas ilhas, as espécies:
Camellia japonica L. — Cameleira, roseira do Japão ou japoneira. Embora de crescimento muito lento, forma abrigos relativamente altos, alguns dos quais, em S. Miguet ultrapassam os 3,5 metros de altura. Foi também era tempos muito utilizada no Faial (Flamengos, Horta).

Pittosporum tobira (Thunb.) Ait. —Faia da Holanda ou Faia do Norte. Outrora bastante utilizada esta espécie, em S. Jorge e Faial, na costa norte, tem vindo a ser posta de parte.

Laurus azorica (Seub.) Franco (— Persea azorica Seub.) — Loureiro, louro manso, louro da terra, louro bravo ou louro de cheiro. Endemismo macaronésico, cujo uso em sebes de há muito tem vindo a ser posto de parte sobretudo porque esta espécie apresenta como regra curta duração, Ainda subsiste era consociação por exemplo em S. Miguel (Capelas).

Corynocarpus laevigatus Forster — Loureira ou barrileíro. Cada vez menos utilizado, em parte porque o seu fruto é hospedeiro da mosca do mediterrâneo, terrível inimigo dos laranjais e outras fruteiras.

 

SEBES DE PROTECÇÃO E/OU COMPARTIMENTAÇÃO
Incluem-se neste grupo as sebes como regra mais baixas, excepção feita para o caso da Criptoméría em pastagens, e que são usadas na divisão de quintais, parcelas de pastagem, plantações de vinha e em áreas destinadas à cultura hortícola e/ou arvense. Também se incluem aqui as sebes de «embelezamento» situadas nas bermas de caminhos e estradas.


A)   Em PASTAGENS  as principais espécies utilizadas, como cortinas de abrigo e/ou divisórias, são:


Cryptomeria japonica (L. fil.) D. Don — Criptoméría, clica, crica, cricomé, titomé ou cedro do Japão. É largamente utilizada como abrigo nas pastagens de altitude e até ao nível das estradas, nas regiões mais altas, A sua instalação traz indiscutíveis benefícios no que respeita ao abrigo do gado. Por isso mesmo e embora seja apenas em S. Miguel que a extensão de sebes de Criptoméría atinge já grande dimensão, aquela prática tem merecido especial fomento noutras ilhas. Julga-se que esta espécie foi introduzida no arquipélago por volta de 1860, mas hoje ela ocorre já espontânea em muitas ilhas. Muito raramente a Criptomeria pode ainda ser vista formando sebes em pomares (Povoação, S. Miguel).

Hydrangea macrophylla (Thunb.) Ser. — Hortênsia, Novelão. Ocorre largamente como subespontánea por todo o arquipélago. Em todas as ilhas é usada para ornamentar estradas e dividir pastagens, desde baixa a média-grande altitude.

Erica scoparia L. subsp, azorica (Hochst.) D. A. Webb.—Urze, vassoura, barba de mato. Utilizada apenas em altitude a separar parcelas de pastagem e apenas na ilha de S. Jorge, onde estas sebes constituem importante abrigo para o gado e até para a própria pastagem. Em alguns locais podem ver-se associados à urze alguns indivíduos da Juni-perus oxycedrus L., zimbro,

Arundo donax L. — Cana. Frequente em sebes junto i costa (até à beira da rocha) muitas vezes em parcelas que outrora foram de vinha ou de cultura arvense. Maior utilização em S. Miguet e Faial.

B) Em quintais, parcelas de cultura hortícola ou arvense e nas bermas das estradas, as espécies mais frequentes são:

Hydrangea macrophylla (Thunb.) Ser. — Hortênsia, Novelão. — Frequente em todas as ilhas, à beira das estradas., constituindo verdadeiras sebes de embelezamento.

Hibiscus rosa-sinensis L. e H. syriacus L. — Rosas da China ou hibiscos. Relativamente frequente em S. Miguel sobretudo em sebes que confinam com estradas ou caminhos; menos comum nas outras ilhas.

Elaeagnus umbellata Thunb. — Groselha, tamarinos. Relativamente frequente em S. Miguel.

Buxus sempervirens L. — Buxeiro. Espécie de crescimento muito lento e por isso mesmo dc utilização muito restrita (S. Miguel, Faial).

Tamarix africana Poír. — Tamargueira, salgueiro (designação imprópria). Espécie muito resistente ao «salgado» e por isso mesmo utilizada em sebes que se situam próximo do mar. Pouco frequente em S. Miguel é no entanto mais usada noutras ilhas (Santa Maria, Faial e Terceira, sobretudo).

Ligustrum vulgare L. — Ligustro. S. Miguel e Terceira, raramente também em divisórias de pastagens.

Bambusa sp. — Cana da índia ou bambu. Utilização muito restringida a determinados locais (por exemplo Ribeira Quente, S. Miguel). Por vezes também a dividir pastagens,

Myoporum acuminatum Brown — Mióporo. Muito utilizado em sebes no continente português, aparece também embora muito raramente era S. Miguel (R, Grande), Santa Maria (Aeroporto) e Terceira.

Escallonia macrantha Hook. & Arnott. — Escalónia. Pequenas sebes, na Terceira.

Com um carácter muito localizado observa-se ainda em S. Miguel, pequenas sebes de:

Tecomaria capensis (Thunb. Spach (— Bígnonia capensis Thunb.) — Bigónia ou Alegria dos velhos.

Psidium guineense Swartz e P. cattleyanum Sabine — Araçá amarelo e araçá roxo, respectivamente.

Cedrus spp. e Cupressus sempervírens L. — Cedros e cipreste, respectivamente.

 

Em certas ilhas se utilizam junto às divisórias de algumas parcelas ou nas bermas de caminhos, algumas espécies vegetais que sem formarem uma sebe contínua e com carácter organizado dão contudo um aspecto diferente à paisagem. As mais importantes de entre estas espécies são:

Ailanthus altíssima (MÜl.) Swingle — Aílanto. S. Miguel, Pico e Graciosa.

Sambucus nigra L. — Sabugueiro ou rosa de bem fazer.

Salix X rubens Schrank — Vime, vimeiro-francês. Aproveitam-se os lançamentos vegetativos para fazer cestos e diversos artigos de artesanato em vime (S. Miguel, frequente entre parcelas de vinha).

Leycesteria formosa Wall — S. Miguel, nas bermas de caminhos.

Agave americana L, — Piteira. Santa Maria.

Opuntia ficus-índica (L.) Miller — Babosa. Santa Maria.

Salvar